Primeiros mosquitos machos estéreis são soltos no Mister Thomas

Centenas de mosquitos Aedes aegypti dentro e fora de casa chamaram a atenção da aposentada Maria de Lourdes Amaro, moradora do Mister Thomas, zona leste de Londrina. “Assusta, porque é uma quantidade grande. Eles dizem que não pica, mas vai saber. Dá até uma agonia”, comentou. Os mosquitos foram soltos no bairro na tarde desta segunda-feira (10), dando início ao projeto que visa reduzir a circulação do transmissor da dengue na localidade.

Por semana serão soltos cerca de 350 mil mosquitos machos, produzidos em laboratório, totalizando oito milhões até dezembro. “O planejamento é para que cheguemos até o final do ano com índice de infestação quase zero nessa localidade. A partir desta primeira soltura s os monitoramentos, pelas nossas equipes e da empresa, vamos observar se haverá diminuição nos indicadores”, destacou Felippe Machado, secretário municipal de Saúde.

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A promessa é de que os mosquitos que estão sendo liberados não fazem mal a saúde. “O projeto prevê o controle natural de vetores ao fazer a liberação massiva do mosquito macho para ele encontrar a fêmea em campo. Essa fêmea vai copular com ele e vai seguir a vida dela normalmente, mas depois, quando ela colocar os ovos, esses ovos estarão vazios e assim a gente vai reduzir a população do mosquito em campo”, detalhou Filipe dos Anjos, biólogo e gerente de Campo da Forrest Brasil.

A expectativa é de que em cerca de três meses os primeiros resultados comecem a aparecer. “O projeto terá duração de seis meses. Temos duas áreas de trabalho: o Mister Thomas e o Jamile Dequech, na zona sul. O Dequech é nossa área de controle, onde instalamos armadilhadas de monitoramento da infestação do mosquito. No Mister Thomas vamos fazer o monitoramento e a liberação, justamente para ver qual o efeito deles”, explicou o representante da multinacional de biotecnologia. O mosquito macho não pica os seres humanos, apenas a fêmea.

SEM CUSTOS

O projeto-piloto é viabilizado por um edital de chamamento público do Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina) e não terá custos para o município durante os seis meses de parceria. A partir dos efeitos será avalizada a expansão. “O momento adequado para o combater a fêmea do Aedes aegypti é justamente agora, neste período em que ela está mais vulnerável e com menos atividades, até por conta das questões climáticas. Tudo isso foi pensado entre a nossa equipe e empresa”, pontuou Machado.

Londrina tem neste ano 60.040 notificações de dengue, com 31.173 casos confirmados, 10.771 descartados e 18.096 em análise. Vinte e nove pessoas morreram em decorrência da doença. A auxiliar administrativa Kelly Cristina Ignácio Isaías, que mora no Mister Thomas, já teve dengue três vezes, sendo uma hemorrágica. Ela espera que o projeto em desenvolvimento dê certo. “Fiquei sete dias internada e senti a gravidade desta doença, até hoje tenho sequelas. Que surta efeito este trabalho e as pessoas colaborem não acumulando criadouros”, comentou.

ORIENTAÇÃO

A secretaria de Saúde e a empresa garantiram que os moradores foram orientados sobre a circulação anormal de mosquitos. “O momento de maior acúmulo será logo após a soltura. Uma vez abrindo as janelas, eles vão sair e procurar as fêmeas ou outro local para se esconder. Caso eles se mantenham, a pessoa pode utilizar um ventilador para afastar ou consultar nossa equipe para que feche a casa na hora da soltura”, orientou Filipe dos Anjos.

O mesmo projeto já foi desenvolvido pela Forrest Brasil nas cidades de Jacarezinho e Ortigueira, no Norte Pioneiro. No atual ciclo epidemiológico – que é contabilizado desde agosto do ano passado -, Jacarezinho, por exemplo, tem 366 casos confirmados de dengue.

levantamento

Londrina está realizando entre esta segunda e sexta-feira (14) o terceiro LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti) do ano. Serão visitados cerca de 11 mil imóveis por 200 agentes. “Após isso temos prazo de três a cinco dias de análise dos dados levantados em campo para que possamos divulgar o resultado”, projetou Felippe Machado.

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