O delegado do 2º Distrito Policial, Antonio Zuba de Oliva, prendeu ontem pela manhã o engenheiro civil Luís Fernando Sanches, 28 anos, como o principal suspeito da morte da prostituta Kátia Godiano de Lima, 22 anos, conhecida por ‘Fernanda’. O corpo da jovem foi encontrado no dia 19 de agosto do ano passado, com um tiro na cabeça, em uma fazenda do então distrito de Tamarana, localizada a 50 metros da rodovia PR-445.
O engenheiro foi preso ao ir buscar na delegacia a sua pistola Taurus, calibre 380. Ele havia entregue a arma para ser periciada, após artimanha montada pelo delegado durante as investigações. A partir de um caderninho de anotações de Kátia Godiano e seu bip-texto, a polícia chegou a Sanches. A prisão temporária do suspeito foi decretada pela juíza substituta da 1ª Vara Criminal, Cristina Tereza Ferrari.
Segundo o delegado Zuba, o Instituto de Criminalística, por intermédio de testes de balística, concluiu que o projétil encontrado na cabeça de Kátia foi disparado pela pistola do engenheiro. Ao ser preso, Sanches negou ter matado Kátia Godiano e afirmou ao delegado que, na época do crime, a sua arma estava em Bauru (SP), na casa de seus pais.
O suspeito é diretor da empresa de engenharia Sanches-Tripoloni que, coincidentemente, quando aconteceu o crime, realizava obras na pista da PR-445, a poucos metros de onde o corpo da vítima foi encontrado. Os funcionários da Sanches-Tripoloni encontraram, no canteiro de obras, os documentos de Kátia Godiano. ‘‘Temos diversas pistas que nos levam a Sanches como a principal suspeita. Se não for ele o matador da jovem, não tenho dúvidas de que o criminoso é uma pessoa muito chegada a ele’’, disse Zuba.
Dizendo estar muito abalado psicologicamente na hora da prisão, Sanches prometeu prestar depoimento somente hoje pela manhã. Por possuir curso superior, ele está preso em uma cela especial no 2º DP. A prisão temporária é de cinco dias e poderá ser prorrogada se as investigações policiais exigirem.
Ontem o delegado Zuba se dizia satisfeito com as investigações do caso, que duraram cerca de seis meses. Ele contou que os nomes encontrados no caderninho de anotações e referenciados no bip-texto de Kátia foram checados com profundidade. ‘‘Por intermédio de ofício, convocamos cada uma dessas pessoas para vir à delegacia renovar seus portes de armas a pedido da Secretaria de Segurança. Muitos deles foram à delegacia, apavorados, dizendo que não possuíam armas. Pedíamos desculpa pelo erro da convocação e tudo ficava bem. Outros levaram suas armas e as deixavam conosco. Justificávamos que era para verificação do registro e do número da arma. Aproximadamente quinze armas passaram pelo teste de balística até chegarmos à pistola de Sanches.’’
O delegado disse que continuam as investigações. Uma amiga de Kátia Godiano, que não quis se identificar, revelou ontem à Folha que a vítima era viciada em cocaína. Ressaltou que, para afirmar se Sanches frequentava a rua Benjamin Constant, onde Kátia fazia ponto, precisa ir vê-lo no 2º DP. ‘‘Kátia tinha muitos amigos e fregueses. Muitas vezes nem acontecia sexo. Ela dizia que servia de fachada, apenas para acompanhar um deles ao motel para cheirar cocaína.’’