Edna Mendes
De Cornélio Procópio
O lavrador José Aparecido da Silva, 52 anos, que estava preso desde segunda-feira na Delegacia de Santa Mariana (17 km a leste de Cornélio Procópio) foi eletrocutado anteontem à tarde por um colega de cela e teve morte instantânea. Silva foi preso por porte ilegal de arma e aguardava que a família pagasse a fiança de R$ 50,00 para ser libertado. Ele não tinha antecedentes criminais.
O detento Sandro Márcio de Souza, 23 anos, assumiu, em depoimento à polícia, que desferiu a carga elétrica na cabeça de Silva para reanimá-lo após um desmaio. Segundo Souza, no momento em que o lavrador desmaiou ele consertava uma tomada elétrica. Os outros detentos negam a versão.
De acordo com o delegado Nelson Águila, os presos tentaram reanimar Silva por mais de uma hora e só depois pediram socorro ao carcereiro. ‘‘Chamamos um médico, mas quando ele chegou a vítima já estava morta’’, disse.
O delegado informou que os outros presos disseram que Souza tinha um desentendimento antigo com o lavrador porque este teria lhe prometido levar cigarros na prisão e nunca cumpriu a promessa. Por esse motivo, Souza teria premeditado o crime matando o agricultor com um choque elétrico. Souza nega essa versão.
O lavrador foi preso na segunda-feira quando tentava vender uma espingarda furtada. A família dele estava viajando e ele aguardava o retorno dos parentes para o pagamento da fiança que lhe daria direito a liberdade. Ainda na início da semana, o delegado comunicou a Justiça sobre o fato, mas o pedido de liberdade provisória ao lavrador foi negado.
Souza está preso por furto. No mês passado, a pedido de seu advogado, ele foi submetido a exame de sanidade mental no Instituto Médico-Legal (IML) de Londrina. Segundo a Polícia Civil, o laudo constatou que ele ‘‘tem tendência a uma personalidade psicopática, megalomaníaca, mas com plena consciência de seus atos, apesar das consequências causadas pelo consumo de drogas’’. Agora, além dos crimes por furtos ele vai responder por homicídio doloso qualificado.