No dia 17 de novembro comemora-se o Dia Mundial da Prematuridade. A proposta é chamar atenção ao problema que afeta 15 milhões de bebês todos os anos ao redor do mundo. Em Londrina, o HU (Hospital Universitário) discute o assunto na abertura da Semana da Prematuridade, realizada na manhã desta quinta-feira (14), no hall de entrada da instituição.

Ailson de Jesus Ponez e Amanda Karina Veronezi com os gêmeos Theo e Lorenzo: 

“É difícil sair do hospital sem eles, mas sei que é para o bem deles”
Ailson de Jesus Ponez e Amanda Karina Veronezi com os gêmeos Theo e Lorenzo: “É difícil sair do hospital sem eles, mas sei que é para o bem deles” | Foto: Gina Mardones - Grupo Folha

O depoimento de uma mãe estava colado no painel. “Ele nasceu tão prematuro que eu não estava preparada... Apenas 22 semanas de gestação e pesando 600 g. Quando ele nasceu e vi aquele serzinho tão pequenino, eu achei até que não iria sobreviver”.

Relatos assim são comuns entre mães que desejavam uma gestação tranquila, mas que tiveram que deixar o hospital sem o filho nos braços. Algumas famílias vivem dias, semanas e até meses de batalha pela recuperação do bebê, processo lento e angustiante que demanda muita energia e disposição.

É nesse sentido que a enfermeira supervisora da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal do HU aponta a importância de falar sobre o assunto. “Organizamos o evento, primeiro, pela conscientização de que a mulher tenha uma gravidez planejada, faça o pré-natal adequado para que se identifiquem patologias e também para olhar com mais cuidado para esse bebê que luta para sobreviver”, explica Jaqueline Martins Leôncio. São classificados como prematuros todos os bebês que nascem antes das 37 semanas.

TAXA DE SOBREVIDA

A enfermeira explica que a prematuridade pode trazer várias sequelas, como displasia broncopulmonar, hemorragia intracraniana, atraso no desenvolvimento motor, deficiência visual, dificuldade auditiva, de crescimento, entre outros. Em 2018, o HU registrou 1.432 nascimentos dos quais 25% eram de prematuros. Porém, dos 450 prematuros, 423 tiveram alta, demonstrando uma taxa alta de sobrevida (94,1%).

Painel na entrada do hospital: relatos e vivências das mães
Painel na entrada do hospital: relatos e vivências das mães | Foto: Gina Mardones - Grupo Folha

“Todos que aguardam o bebê o imaginam o mais perfeito possível, mas por várias contingências fisiológicas, patológicas, orgânicas, sociais, temos 340 mil prematuros ao ano no Brasil. Isso significa o nascimento de um prematuro a cada 10 minutos”, revela a diretora clínica do hospital, Luiza Moriya. “Nós temos que trabalhar a prevenção, mas caso os bebês venham antes do esperado as mães e as famílias devem saber que temos em nossa medicina atual uma estrutura que apoie e cuide dessas crianças”, acrescenta.

Para promover qualidade nos primeiros anos de vida do bebê, o hospital oferece tratamentos como programa de aleitamento materno, ofurô para os bebês, redinha na incubadora para conforto, musicoterapia, hora do soninho e busca integrar a família no processo. “Temos uma esquipe multiprofissional especializada para dar qualidade de vida e transformar a UTI na casa que essa criança vai ter inicialmente”, afirma Moriya.

EXPERIÊNCIA

Está passando por esse processo a família dos gêmeos Théo e Lorenzo. Os dois nasceram com 32 semanas de gestação, de parto normal, no dia 2 de novembro e continuam internados. “Não foi uma gravidez planejada, foi até um susto descobrir que eram gêmeos. Fiz todos os exames, o pré-natal, tive infecção urinária durante a gravidez, e o médico me avisou que poderiam nascer prematuros. A intenção seria segurar até as 36 semanas, mas não deu”, revela Amanda Karina Veronezi, 24, que já tem outros dois filhos.

Para acompanhar os filhos, ela e o marido, Ailson de Jesus Ponez, 21, passam o dia todo no hospital desde o nascimento. “É difícil sair do hospital sem eles, eu fiquei desesperada, comecei a chorar, mas sei que é para o bem deles”, revela a mãe. Os bebês nasceram com 1,9 kg e 1,6 kg, estão na incubadora para melhor desenvolvimento, mas estão estáveis.

O pai, que é pizzaiolo, pegou férias do trabalho para acompanhar os filhos e e comenta o processo delicado. “No começo foi meio assustador, a gente fica com medo, porque vê respirando por aparelho”, revela. Para ele, é importante que os filhos tenham o amparo hospitalar nesse momento para que cresçam com saúde. “Deu abençoe que eles tenham alta logo e que vão para casa, mas com saúde, que é o que mais importa”, defende.


Dos 450 prematuros nascidos no HU, 423 tiveram alta: taxa de sobrevida de 94%
Dos 450 prematuros nascidos no HU, 423 tiveram alta: taxa de sobrevida de 94% | Foto: Gina Mardones - Grupo Folha