Prefeitura deve contratar arquiteto do teatro municipal para adaptações
Comissão formada por entidades de classe em Londrina analisa valor pedido pelo profissional para que licitação tenha encaminhamento
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 15 de maio de 2023
Comissão formada por entidades de classe em Londrina analisa valor pedido pelo profissional para que licitação tenha encaminhamento
Pedro Marconi
O espaço que serviria para fomentar a cultura de Londrina e abrigar os grandes espetáculos hoje faz parte da paisagem da zona leste da cidade como símbolo do abandono. O esqueleto de concreto do que era para ser o teatro municipal completa nos próximos meses nove anos sem nenhum tipo de intervenção pública para andamento da obra, que parou em 2014. Desde então, as únicas mudanças foram na condição da estrutura, que está totalmente vandalizada e pode ser acessada por qualquer pessoa.
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Um local que se tornou alvo de preocupação por conta da insegurança. “Todo o dia é um entra e sai de pessoas em situação de rua, de gente que vem pichar o que ainda consegue. A noite não arrisco passar perto deste ‘elefante branco”, comentou uma mulher que trabalha próxima ao terreno, mas que preferiu não ser identificada. A FOLHA esteve no lugar e constatou muito lixo e sinais de que pessoas estão dormindo no que foi edificado.
Em 2007, um concurso nacional foi realizado para contratar o projeto do teatro. A proposta escolhida previa 22 mil metros quadrados de infraestrutura, com um auditório principal para aproximadamente 2.400 pessoas e uma “caixa preta” com mais 700 lugares. O total estimado para construção era de R$ 80 milhões.
A empreiteira responsável fez apenas a primeira parte, com custo de R$ 8,5 milhões, porém, abandonou os trabalhos com 10% de execução – como terraplanagem e infraestrutura de base das fundações - alegando a falta de quitação do valor devido de duas parcelas por parte do Ministério da Cultura.
Há quase seis anos, a prefeitura anunciou que o ministério havia liberado a segunda parcela, de R$ 2,6 milhões, e em 2019 o município divulgou que estavam acontecendo articulações do deputado Filipe Barros junto ao Governo Federal para tentar retomar a obra. Na época, o então secretário de Infraestrutura Cultural do Ministério da Cidadania visitou in loco a estrutura inacabada.
CONSTRUÇÃO MODULAR
De acordo com o secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini, o poder público londrinense deverá contratar o arquiteto responsável pelo projeto para que faça adaptações. “Nós já contatamos o arquiteto, ele tem direitos autorais sobre o projeto. A ideia seria fazer de maneira modular, como foi pensando inicialmente. Precisamos fazer readequações, têm materiais que não existiam e hoje têm e podem ser usados, como LED, e saber o (novo) valor. A prioridade seria a ‘caixa preta’ de 700 lugares”, afirmou.
“É necessário fazer uma revisão do projeto, dos materiais e também da maneira como será executado. O projeto como existe hoje tem dificuldade, porque existem ações que teriam que fazer na obra inteira e com isso não haveria possibilidade de já entregar partes da construção”, acrescentou Solange Cristina Batigliana, diretoria de Patrimônio Artístico e Histórico-Cultural da secretaria municipal de Cultura.
RECURSOS
O montante cobrado pelo arquiteto não foi revelado e está sendo analisado por uma comissão com representantes de entidades de classe, como Ceal (Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina) e IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil). “Existe a questão da validação de parâmetros utilizados pelo arquiteto para composição de preços. Essas entidades já fizeram uma primeira observação e vão juntar o que é parâmetro técnico para formação de preço, para que a análise do orçamento seja encerrada e assim encaminhada para a Gestão Pública”, detalhou a diretora.
O recurso para o término da construção seria buscado junto ao governo e até mesmo por parcerias com o setor privado. “Temos alguns grupos privados que estariam interessados em bancar a construção, mas não temos nenhuma proposta concreta, apenas esta possibilidade. A expectativa é positiva, já que o Ministério da Cultura foi retomado e existe uma promessa de retomada de obras paradas por parte do Governo Federal. Nossa perspectiva é achar algum espaço para, por exemplo, uma grande emenda parlamentar”, citou Pellegrini.
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