Imagem ilustrativa da imagem Prefeitura decide rescindir contrato da UBS Vila Fraternidade
| Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

O coletor Domingos Pereira mora há quase 50 anos na região da Vila Fraternidade, zona leste de Londrina, e acompanhou a transformação do bairro. Também tem visto de perto a “novela” que se tornou a construção da UBS (Unidade Básica de Saúde) da localidade. Nesta semana, o imbróglio ganhou um novo capítulo e nada feliz para a população que depende do posto. “Precisamos muito dessa unidade. Está complicado”, resumiu.

Em reunião na terça-feira (15), a prefeitura decidiu romper o contrato com a empresa responsável pela edificação do prédio. Secretário de Obras e Pavimentação, João Verçosa afirmou que a empreiteira, que tem sede em Londrina, não vinha cumprido o que foi estabelecido em contrato. Além disso, os operários já não estariam trabalhando há, pelo menos, duas semanas.

“Não tem condições da empresa continuar. O cronograma está atrasado há muito tempo. Dizem que a pandemia está atrapalhando. Total incapacidade para execução dos trabalhos. Tem serviço que falam que fizeram e não receberam. O trabalho tem que ser aprovado pela fiscalização. Se fez mal feito ou com produto fora da especificação, não recebemos. Tem que ser completo”, afirmou.

ENCAMINHAMENTO

A ordem de serviço para a reconstrução foi assinada em janeiro. O prazo estipulado para término era outubro, no entanto, foram concedidos dois aditivos de tempo. O último vence neste fim de semana. Medição feita pelo município no mês passado apontou apenas 44,39% de execução ao longo de dez meses.

O processo de rescisão contratual já foi iniciado e, segundo a secretaria de Gestão Pública, deve ser concluído entre 15 e 20 dias. A empresa que ficou em segundo lugar na licitação será convocada para manifestar interesse em assumir o remanescente da obra, com o mesmo valor da vencedora, que foi de R$ 994 mil. “Não é algo sumário. A empresa vai ter ampla defesa, direito ao contraditório. Mas não podemos esperar com a situação que está. Fizeram a cobertura do telhado duas vezes e ambas erradas, diferentes do projeto”, destacou Verçosa. Caso as outras instituições não aceitem, uma nova licitação terá que ser publicada.

A UBS da Vila Fraternidade funcionava desde a década de 1970 e foi a primeira da cidade. Acabou desativada em 2013 e um ano depois demolida. A alegação do poder público, à época, foi de que o lugar havia se transformado em mocó para moradores de rua. A promessa era de que uma nova estrutura seria edificada no mesmo espaço, o que demorou seis anos para acontecer.

DISTÂNCIA

As pessoas que dependiam da unidade foram realocadas para o posto de saúde da Vila Ricardo. Com a pandemia de coronavírus, a UBS foi transformada em atendimento exclusivo de síndromes respiratórias e os pacientes estão tendo que ir até o Interlagos, aproximadamente dois quilômetros de distância da Vila Fraternidade. “É um bairro com muitas pessoas idosas e que estão tendo que andar longe ou gastar com transporte”, relatou Dalva Prado, que foi buscar remédio para os pais nesta semana.

Com o prédio inacabado praticamente abandonado, moradores de rua já estão fazendo uso da estrutura. Na entrada é possível encontrar colchonetes, marmitas, roupas e sapatos velhos. O temor da vizinhança é que a estrutura, ainda vedada, seja ocupada. “Se não deu certo, que coloquem um guarda para cuidar. É dinheiro nosso que está aqui. A impressão que dá é que subestimam a inteligência da população. Faz cerca de um mês que pararam de trabalhar”, contou Dalva.

A reportagem não conseguiu contato com a Terra Viva Serviços de Engenharia e Ambiental.