Três bairros de Londrina começam a receber nesta semana as armadilhas para controle dos mosquitos Aedes aegypti, transmissor da dengue. A medida é inédita no município e começa a funcionar em caráter experimental. Ao todo, mil armadilhas serão espalhadas nos quintais e espaços públicos do jardim União da Vitória (sul); Santa Fé (leste) e Vila Brasil (centro). Com tecnologia holandesa, as armadilhas têm um conceito de autodisseminação, ou seja, o próprio mosquito Aedes aegypti vai dispersar os contaminantes que ‘absorve’ ao passar pelos recipientes.

Imagem ilustrativa da imagem Prefeitura de Londrina lança armadilhas contra o Aedes aegypti
| Foto: Micaela Orikasa - Grupo FOLHA

A diretora de Vigilância em Saúde do município, Sônia Fernandes, explicou que a água contida nos equipamentos - que se assemelham a um pequeno balde cuja tampa possui abertura – atrai as fêmeas que estão em procura de um local para botar os ovos. No interior da armadilha, há uma redinha com bioativos do larvicida (inseticida e fungos) que acabam "infectando" a fêmea. Ao buscar um novo local para fazer a desova, a fêmea irá dispersar esses contaminantes matando os ovos. Além disso, o fungo que infecta o mosquito inibe o desenvolvimento do vírus em seu organismo e o mata dias depois.

“O inseticida tem o propósito de matar o Aedes e o fungo não deixa com que o mosquito transmita o vírus da dengue. Nós atuamos de duas formas e, dessa vez, estamos colocando o mosquito para trabalhar a nosso favor, uma vez que é ele que vai ser o dispersor do fungo e inseticida para outros mosquitos”, completou Fernandes.

600 OVOS

Uma fêmea deposita cerca de 600 ovos em todo o ciclo de vida e a cada desova são aproximadamente 40 a 60 ovos, em três locais diferentes. De acordo com Fernandes, a armadilha tem um raio de ação de 600 metros. “Não precisamos colocar as armadilhas em todos os quarteirões. Dependendo da localidade que eu estou trabalhando, vou colocar uma a cada dois quarteirões”, disse.

O equipamento é feito para ser colocado fora do domicílio e vem com protetor contra a chuva. Sobre a manutenção, Fernandes diz que uma vez por mês é preciso fazer a troca dos produtos internos (água, redinha e larvicida).

RESULTADOS EM 30 DIAS

O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, enfatizou que a medida é um projeto-piloto em Londrina e as primeiras armadilhas foram cedidas sem custo pela empresa fabricante, localizada em Santos (SP). Ele não citou o valor de cada acessório. “Teremos, por enquanto, um custo indireto para a manutenção das nossas equipes que irão fazer o monitoramento das armadilhas, mas se a avaliação for positiva, já temos autorização da prefeitura para investir em mais equipamentos”, comentou.

A secretaria de Saúde espera ter os primeiros resultados dentre de 30 dias. Machado explica que os locais escolhidos para receber as armadilhas apresentam uma alta concentração de casos notificados da doença - União da Vitória e Santa Fé. “Já a Vila Brasil tem uma situação controlada e tranquila em relação à infestação, mas esse paralelo é importante para podermos fazer uma comparação posterior”.

O secretário também disse que as armadilhas já foram testadas em outros países e municípios, como em Santos, comprovando sua eficácia. “A tecnologia tem o reconhecimento do (Ministério da Saúde), Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e OMS (Organização Mundial de Saúde) no sentido da efetividade”, garantiu.

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| Foto: Folha Arte

CONSCIENTIZAÇÃO

A apresentação das armadilhas foi feita na manhã de segunda-feira (17), na Escola Municipal Zumbi dos Palmares, no jardim União da Vitória. Em seguida, os alunos participaram de uma passeata educativa pelas ruas do bairro.

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| Foto: Micaela Orikasa - Grupo FOLHA

“Todas as escolas estão fazendo ações com os alunos. Aqui no Zumbi dos Palmares eles optaram pela passeata e na Escola Municipal Profª Vilma Rodrigues Romero, no (patrimônio) Heimtal (zona norte), por exemplo, os estudantes criaram um formulário on-line para avaliar o conhecimento da população sobre a dengue”, disse a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes.

Além dos trabalhos de conscientização, a prefeitura criou um plano emergencial de atendimento a pessoas com dengue. Duas unidades básicas de saúde passaram a funcionar aos sábados, das 7h às 19h, exclusivamente para pacientes com ou suspeita de dengue, além da UBS da Vila Ricardo, que ampliou o horário de atendimento diário, das 19h às 23h.

No sábado (15), primeiro dia de abertura dos postos, a FOLHA percorreu os serviços de saúde e verificou uma lta procura por atendimento. De acordo com a secretaria municipal de Saúde, na UBS da Vila Casoni foram realizados 370 atendimentos e no Parigot de Souza, 195 atendimentos. Londrina tem 5.830 casos notificados de dengue neste ano, sendo 652 confirmados, de acordo com levantamento divulgado pela Saúde na semana passada.