Placa indicando interdição é recorrente em várias passagens no parque
Placa indicando interdição é recorrente em várias passagens no parque | Foto: Fotos: Gustavo Carneiro



Se nos portais próximos ao Parque Estadual Mata dos Godoy, na zona sul de Londrina, os amigos "Sabrina, Mateus e Rui" marcaram presença, no Parque Municipal Arthur Thomas, também na zona sul, a amizade de "Mara de Paula, Alisson Z.S. e Vini" resiste ao tempo, pelo menos nas marcações das placas de orientação. As pichações são um dos problemas do local. Interdições e cenário de abandono tornaram os domingos no parque um pouco mais tristes para aqueles que tinham boas lembranças do passeio.

"Não é mais um lugar para passear", afirma Adriana Ávila,que saiu descontente após uma curta volta pelo parque. "Horrível, malcuidado, estou saindo decepcionada", conta a cabeleireira que mora há um ano em Londrina. O amigo Gleison Velenick vê a situação com desânimo. "Está triste. O pessoal nadava naquele lago e agora não dá nem para chegar perto", aponta para o portão que interdita o acesso à antiga usina.

Este não é o único local interditado. "Estamos em manutenção" é uma mensagem recorrente em passagens que nem mereciam o aviso, pois nem os mais ousados arriscariam descer as escadas dominadas pela vegetação.

Ver a cachoeira, somente por um dos mirantes - o outro não existe mais e o acesso foi bloqueado por questões de segurança. "Mais da metade do parque está interditado", outro visitante frustrado sussurra aos colegas de caminhada.

Após as chuvas e ventos fortes em novembro de 2017, o parque esteve fechado para manutenção e foi reaberto pela Sema (Secretaria Municipal do Ambiente) em 11 de dezembro. Para isso, os técnicos da secretaria fizeram a limpeza da área interna e externa do parque, retirando entulhos e sujeiras, além de finalizar alguns consertos. No entanto, o cenário atual é outro.

"Isso aqui era uma lagoinha antes", explica uma criança para outra, demonstrando que não é preciso muito tempo para se guardar boas lembranças. O canal que acompanha a trilha principal não tem peixes, no lugar disso: barro, troncos, garrafas pets, pacotes de salgadinho e frascos de detergente.

Troncos caídos dificultavam o acesso a um caminho que não leva a lugar nenhum. Na outra ponta, o sinal de deslizamento de terra que levou calçada, plantas e tudo que tinha por lá. Os visitantes tiveram que voltar pelo mesmo caminho e enfrentar novamente o obstáculo.

Para quem já conhecia o parque, vê-lo dessa forma faz relembrar dias melhores. "Bem cuidado não está. Eu já vim aqui e já esteve melhor. A grama está alta, tem muito lixo. É um parque lindo, se pudesse melhorar seria bom", afirma Roseli de Melo Silva, que veio de Cruzmaltina (Vale do Ivaí) visitar a filha que estuda em Londrina. "É muito importante ter espaços como esse, é maravilhoso sair da rotina", argumenta.

De acordo com a Sema, o investimento para a recuperação ficaria acima dos R$ 9 milhões
De acordo com a Sema, o investimento para a recuperação ficaria acima dos R$ 9 milhões



SEMA
Segundo Roberta Queiroz, secretária da Sema, o parque ainda sofre as consequências das chuvas de janeiro de 2016. Com parte danificada e outra destruída, algumas áreas foram interditadas e, conforme Queiroz, o investimento para a recuperação ficaria acima dos R$ 9 milhões. "Demanda uma intervenção bastante grande, o investimento é bastante alto devido até a dificuldade de acesso de maquinários", explica.

Para a manutenção, a prefeitura conta com uma empresa terceirizada na limpeza, além da equipe municipal para roçagem, capinagem e retirada dos resíduos dos canais. "Nossa equipe já está fazendo a capina nesta semana. Outro problema que a gente enfrenta em relação aos resíduos é que o final da bacia é aqui no parque. Todo o lixo descartado em áreas públicas da cidade são carreados para cá", argumenta.

O parque não tem previsão para estar totalmente liberado para visitação. Um dos mirantes caiu, erosões foram formadas, a parte baixa, onde as grandes escadas faziam memória, não é permitido transitar por questões de segurança.

De acordo com a secretária, a Sema tem inscrito projetos para melhorar a situação do local, mas, até agora, nenhum foi contemplado. Com isso, busca outras formas de recursos para a recuperação dos parques. Ao mesmo tempo, tenta ampliar as ações na parcela aberta. O parque voltou a receber o agendamento de visitas monitoradas nessa segunda-feira (19). "Dentro desse projeto estamos buscando as parcerias para ampliar as ações de educação ambiental. Tentar outras abordagens", explica.