A liberação de praças e parques em Londrina tem demonstrado efeito libertador para o londrinense. Basta circular por áreas de comum acesso para notar que a frequência está em dia. O fim de semana foi um exemplo de que o combo autorização e calor deram um plus e tanto no número de pessoas nas ruas da cidade.

Um desses lugares foi a praça Nishinomiya, popularmente chamada de Praça do Aeroporto. Localizada na avenida Santos Dumont, fica bem perto do Aeroporto Governador José Richa e tem grande número de assíduos que a elegem como a preferida por diferentes motivos. Para o motorista Claudio Batista, a sombra feita pelas árvores é um atrativo e tanto. Prevenido que é, traz de casa um cadeira de piscina e aproveita o movimento para vender balões e cachorrinhos para garantir um extra na renda mensal. Batista considera que a chuva seria um alívio se chegasse. "O quanto antes", pede.

De acordo com o site do Simepar - Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná, há previsão de chuva para segunda, 26, por volta das 12 horas e um total de 6,2 mm de precipitação acumulada. A temperatura máxima prevista é de 32 º C e a mínima de 19º C. Depois a previsão indica chuva só para quinta-feira, dia 29 e a precipitação acumulada aponta 8,8 mm. E o calor persiste sendo que na quinta, sexta e sábado as máximas ultrapassam os 30º C. No início do mês, Londrina bateu a marca de 40ºC nos termômetros às 15h45 de terça-feira (6). Foi a maior temperatura registrada na história, desde 1976, ano em que o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) começou a monitorar os dados climáticos na cidade.

Leonardo, 5 anos: mora na região norte. O carrinho puxado na cordinha ajuda no gasto de energia
Leonardo, 5 anos: mora na região norte. O carrinho puxado na cordinha ajuda no gasto de energia | Foto: Walkiria Vieira

Moradores da região norte de Londrina, Ana Paula Carassa e seu marido, o motorista Sérgio Carassa, se identificam com a área de lazer até pela segurança oferecida. Na companhia dos filhos Guilherme de 15 anos e Leonardo de 5, aproveitam também o passeio para prestigiar os quitutes do entorno. "O Guilherme vem desde os cinco anos. Ficamos muito tempo no Japão e agora que voltamos essa é uma referência para nós", comentam. Guilherme aproveita o espaço para usar seu skate e o irmão circula com o carrinho de plástico, que puxa com uma cordinha. "Quando viemos mais no fim da tarde é para comer o lanche que é muito bom e tradicional. Hoje vamos de sorvete", contam.

O estudante Guilherme, 15 anos: liberdade e responsabilidade: como todos os frequentadores, a máscara marcou presença no espaço
O estudante Guilherme, 15 anos: liberdade e responsabilidade: como todos os frequentadores, a máscara marcou presença no espaço | Foto: Walkiria Vieira

O parquinho reformado, a academia ao ar livre com todos os equipamentos em ordem são também alternativas na praça que às vésperas das eleições é também oportunidade para distribuição de santinhos - com direito a tenda. Com adesivos no peito e familiares de apoio, candidatos a vereadores aproveitaram o calor do corpo a corpo na pracinha para serem vistos. Moradora das proximidades, a aposentada Sonia Plassa diz que o movimento é o que a atrai. Não importa se tem atração formal ou não, a praça já "anda" sozinha, tem vida própria e a alegra. Os bancos de concreto dão conforto suficiente para ela, que considera a saída de casa uma chance para espairecer, ver outras pessoas e aliviar a tensão provocada pela pandemia. Ao lado da cunhada, a aposentada Izabel Dalexandra, dá uma dica para conviver melhor com as altas temperaturas: "uma blusinha de malha, uma bermuda de algodão e o contato com a natureza", resumem.

Sofia, seis anos: até mascote Jade curte as tardes na pracinha
Sofia, seis anos: até mascote Jade curte as tardes na pracinha | Foto: Walkiria Vieira

Democrática, a praça recebe a todos. Quem chega com o papelão para escorregar no morrinho, os iniciantes no patins e também os ciclistas - de todas as idades. Sofia Avancini tem seis anos. Ela mora em apartamento e sente-se livre quando está no local que considera uma extensão do próprio lar. "Nós moramos em apartamento. Nos fins de semana, o costume era passar o fim de semana todo no clube. Agora estamos sem opção", comenta mãe de Sofia, a massoterapeuta Cristiane Avancini. Com a cachorra da família presa à guia, a Shih-tzu de um ano Jade, a família aproveita todo o espaço para relaxar um pouco. "Até a Jade alivia o estresse", diz. Sobre o clima, a massoterapeuta considera que dias já passamos por dias piores. "A sensação de calor que vivemos foi muito ruim e meio receio é que ainda venham dias como aqueles, extenuantes". Sofia desliza seus patins e comemora: "Um dia até encontrei a minha amiga Isa da escola. No começo não reconheci muito porque estava sem o uniforme e usava máscara, mas estava com o mesmo tênis que eu já sabia que era o dela", conta.

Sofia, seis anos: até mascote Jade curte as tardes na pracinha
Sofia, seis anos: até mascote Jade curte as tardes na pracinha | Foto: Walkiria Vieira

RENOVAÇÃO DE CARDÁPIO E DE CLIENTELA

O churros foi o ponto de partida da família da comerciante Graciella Yume, da Iupi Churros. Diante da realidade de queda do consumo no calor, Yume repensou o seu negócio e incluiu os sorvetes ao mix de produtos que antes de limitava aos sabores, coberturas e complementos do churros.

Graciella Yume: sorvete com casquinha de churros para agarrar freguesia no verão
Graciella Yume: sorvete com casquinha de churros para agarrar freguesia no verão | Foto: Walkiria Vieira

Dando sequência à identidade de sua marca, a comerciante criou um cone de churros trufado que tem sorvete como a "cereja do bolo". Com massa de churros, o cone é passado no açúcar e na canela e antes de receber o sorvete a casquinha é devidamente resfriada. No trailler onde quatro pessoas trabalham como em uma verdadeira linha de produção, o atendimento flui. "A praça oferece uma estrutura excelente e no é fato que no verão, a venda de churros cai pelo menos 30%", explica.

Presente também em cidades como Cambé, Ibiporã e Alvorada do Sul nos dias em que não está na pracinha do aeroporto, Yume revela que um domingo como de altas temperaturas e movimento, prepara-se para montar cerca de 200 sorvetes. "Dentro do cone tem, confeito e morango. "Nosso fornecedor tem morango o ano todo. Se acaba em Pinhalão, busca em Minas Gerais e é um dos nossos diferenciais. Sobre o movimento do quiosque que funciona de quarta a domingo, das 15 às 22 horas na praça, Yume conta: "Algo que nos surpreendeu durante a pandemia foi o aumento dos consumidores da terceira idade. "Eles nos acham nas redes sociais. Fiquei impressionada como são ativos nas redes e se tornam assíduos".