A revitalização da praça Rocha Pombo, no centro de Londrina, pode se transformar em dor de cabeça para município. A pintura recente dos bancos, latas de lixo, muros, corrimãos, luminárias e chafariz – com cores vibrantes como amarelo, vermelho e verde – teria sido feita sem a autorização e consulta da Coordenação do Patrimônio Cultural do Paraná, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura.

Isso porque a praça é tombada pelo Patrimônio do Estado desde 1974, por conta da integração que faz com a antiga estação rodoviária, hoje Museu de Artes, obra de Vilanova Artigas. A pintura foi executada pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização). Segundo a secretaria municipal de Cultura, o assunto está sendo tratado pela coordenação estadual, que estaria ajustando a questão junto à companhia, que informou que não irá se manifestar e que não foi oficiada sobre o suposto problema.

Na avaliação da arquiteta e urbanista Priscila Henning, a ideia de patrimônio da praça é de que ela crie uma continuidade visual e de paisagem em relação ao museu. “Por ser obra tombada necessita de autorização quando faz uma intervenção, mesmo que seja pintura, com mudança do esquema de cores original. Isso acaba alterando a maneira com que se percebe o espaço e a escolha das tonalidades fortes, principalmente o muro amarelo (que liga ao museu), que ao observar o edifício da praça, praticamente só vê o museu”, elencou.

Quem utiliza a praça avalia que a pintura deu vida nova ao lugar. “Melhor assim do que abandonado. Pelo menos fica um espaço mais alegre, atrativo. Não sabia dessa necessidade de pedir autorização para outros órgãos, mas gostei da pintura”, opinou a vendedora Adriana Molina. “Se tem a cor certa para pintar, é bom seguir o que determina a regra, mas a mim não incomoda do jeito que ficou”, apontou o autônomo Devair Camargo.

PARTICULARIDADES

Especialista na área de preservação do patrimônio histórico-cultural, Priscila Henning chamou atenção para a escolha geral de cores que estão sendo utilizadas em melhorias de outros espaços públicos. “A escolha de cores é parte integrante de um projeto de arquitetura e paisagístico e como interferem na relação do usuário com o espaço. Quando tem aplicação por toda a cidade, isso não leva em consideração a particularidade de cada praça e acaba gerando desconexões”, avaliou a profissional, que é professora universitária.

No final do ano passado, a pintura da Concha Acústica pela CMTU foi considerada irregular pela diretoria de Patrimônio Artístico e Histórico-Cultural de Londrina. Por estar no entorno da Casa da Criança – bem tombado pelo município – o espaço não pode ser descaracterizado. Os totens dos pioneiros, por exemplo, foram pintados de laranja.

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