Giovani Ferreira
De Curitiba
O índice de reincidência entre os menores infratores que passam pelo Educandário São Francisco, em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba, já é o menor em todo o País. Nos últimos cinco anos a administração do centro de reabilitação conseguiu reduzir de 40% para 10% o número de menores que volta a cometer algum ato infracional depois de ter passado pelo regime de detenção. O percentual registrado no Paraná está bem abaixo da média nacional, que oscila entre 30% e 40%.
O resultado positivo está relacionado a um novo modelo de política pedagógica, voltado a valorização do interno. Por outro lado, explica Aloísio Pacheco, diretor-presidente do Instituto de Ação Social do Paraná (IASP), entidade que administra o educandário, está havendo uma participação mais efetiva da sociedade, que também está colaborando no processo de reintegração dos menores em ambientes familiares, coletivos e de trabalho.
A nova estrutura pedagógica envolve a formação escolar do Ensino Fundamental e a disponibilização de vários cursos profissionalizantes. O educandário possui atualmente 10 oficinas técnicas, que oferecem ao detento uma oportunidade de profissionalização. Todos os internos, hoje em número de 175, participam de algum curso, entre os quais destacam-se os de informática, eletrecista, marcenaria e artesanto. Além disso eles ainda têm atividades religiosas, esportivas e de lazer.
Ontem teve início uma espécie de ‘‘colônia de férias’’ dos menores, com a realização de diversos eventos que contam com a participação de nomes ilustres do esporte brasileiro. Estão programadas visitas de esportistas como Bernardinho, Hortência e alguns jogadores de futebol de equipes paranaenses. Como são pessoas que de certa forma podem ser consideradas referências nacionais, a direção do educandário acredita que elas possam ter um efeito positivo e estimulante no trabalho de recuperação dos menores.
E.R.M., de 13 anos, que está na detenção há quatro meses, contou que está impressionado com o tratamento dentro do educandário, destacando principalmente as oficinas profissionalizantes. Condenado ao internato por causa de assaltos praticados em Cascavel, região Oeste do Estado, o menor garante que aprendeu a lição e que, depois da passagem pelo educandário, está pronto para voltar a viver em sociedade. Ele contou que roubava não para comer, mas para comprar drogas.
Anualmente passam pelo centro de detenção em torno de 400 jovens entre 12 e 21 anos. Assim como o percentual de reincindência, o número de desentendimentos internos também é baixo. Mensalmente apenas de 8 a 10 menores são punidos com o isolamento temporário por não terem respeitado as regras de convivência no educandário.