PR reduz vagas para curso de línguas
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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2000
Luciana Pombo
De Curitiba
Professores da rede pública estadual estão questionando o corte de 30% das vagas ofertadas em 154 escolas que trabalham com o Centro de Línguas Estrangeiras Modernas (Celem), órgão público instituído em 1986 e regulamentado através da portaria 1/88, do início de janeiro de 1988 e responsável pela promoção de cursos de diversas línguas nas escolas do Estado. As vagas cortadas eram destinadas à comunidade. As vagas restantes são ofertadas para professores e estudantes das próprias escolas da rede pública. De acordo com o secretário de Políticas Sindicais do Núcleo Sindical da Associação dos Professores do Paraná (APP-Sindicato), Francisco Manoel de Assis França, nem mesmo os funcionários têm direito a essas vagas. Os funcionários, que têm menos chances de conseguir progressão de carreira, como zeladores, eram beneficiados com essas vagas, afirmou ele.
França questionou ainda a forma com que os colégios foram informados do corte de vagas. Houve a assinatura da resolução 4219 no ano passado. Mas só ficamos sabendo disto este ano. E os alunos que estavam matriculados e os que iam fazer o segundo ano?, questionou ele.
Representantes de escolas de todo o Estado deverão participar de uma reunião, marcada para o próximo dia 25, para debater o assunto e definir estratégias para impedir o corte de vagas. Queremos fazer uma pressão mais efetiva no meio político e junto ao Conselho Estadual de Educação. Não podemos aceitar este corte de vagas de forma pacífica, temos que lutar pelos direitos dos alunos, declarou.
A secretária de Estado da Educação, Alcyone Saliba, informou ontem que não está havendo o corte de vagas. Serão mantidas as 24 mil vagas ofertadas pelo Celem, no entanto, apenas para os funcionários, professores e estudantes (de supletivo, ensino médico ou básico) da rede pública é que poderão se beneficiar dos cursos de línguas. O que havia era uma concessão do dinheiro público para a comunidade. Acabamos com esta concessão, declarou ela.
A decisão foi tomada após um levantamento feito pela secretaria que tinha a intenção de aumentar o número de escolas com centros de línguas no Paraná. Quando fizemos o levantamento descobrimos que, em algumas escolas, cerca de 60% das vagas eram destinadas para a comunidade. Isto é desvio de dinheiro público, afirmou ela.
Alcyone negou que zeladores e demais profissionais que trabalham na rede pública não poderão se matricular nos cursos de línguas. Eu ficaria muito feliz se isto acontecesse. Mas não acontecia, disse. A secretária não soube precisar o valor dos recursos investidos anualmente na aprendizagem de línguas na rede pública estadual.