A Prefeitura de Ponta Grossa atrasou, pelo quinto mês consecutivo, o pagamento do salário dos servidores municipais. A justificativa do prefeito Jocelito Canto (PSDB) é a falta de recursos. A administração tem uma dívida total que supera R$ 60 milhões.
Até o início da noite de ontem, 1.370 servidores – de um total de 4,5 mil – avaliavam se suspendiam uma greve iniciada no dia anterior. A proposta da prefeitura é pagar, amanhã, cerca de 1.260 funcionários. Os demais receberiam o salário apenas daqui a cerca de dez dias. O pagamento parcial será possível porque Jocelito obteve um empréstimo bancário de R$ 460 mil – o total da folha de pagamento chega a R$ 800 mil.
A greve atingiu parcialmente os setores de saúde e obras. Nos dois dias de paralisação, o Pronto Socorro Municipal, o maior da cidade, com 230 funcionários, só atendeu casos de emergência. A Secretaria de Obras, com 890 empregados, paralisou totalmente suas atividades. Parte dos grevistas se concentrou em frente ao prédio da prefeitura.
Segundo o presidente do sindicato da categoria, Leovanir Martins, desde maio os servidores recebem os salários com atrasos entre dez e 15 dias. Neste mês, apenas 1,1 mil professores receberam em dia porque são pagos pelo Fundef (fundo do governo federal para a educação básica), cujos recursos só podem ser gastos nessa finalidade. O pagamento deste mês deveria ter sido feito até 30 de setembro.
Segundo a assessoria de impresa de Jocelito, a falta de recursos para o pagamento de funcionários se agravou porque o prefeito optou pelo pagamento de outras dívidas. Candidato à reeleição, ele foi derrotado no último dia 1º pelo deputado estadual Péricles de Mello (PT). Agora, tenta quitar dívidas para fugir da Lei de Responsabilidade Fiscal, que prevê até a prisão de administradores perdulários.
Se os servidores optassem ontem pelo fim da greve, os serviços só voltarão à normalidade na próxima segunda-feira, porque amanhã é dia de recesso, em virtude do feriado de Nossa Senhora Aparecida, comemorado hoje.