Ibiporã - Quem vê o pequeno Davi Lucas, de três anos, brincando e fazendo a alegria da casa, não imagina o risco que ele sofreu e muito menos os momentos de tensão que a família viveu. O garoto estava no CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Professora Maria do Carmo Galvão Uille, em Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina), quando saiu da unidade sem qualquer tipo de monitoramento ou entregue a um responsável. O episódio aconteceu no último dia quatro.

A criança andou por aproximadamente dez quadras sozinha e, inclusive, no meio da rua, o que foi flagrado por câmeras de segurança de casas e comércios do jardim do Éden. Foi uma amiga da família que se deparou com o garoto e achou estranha a situação. “Estava trabalhando e minha mãe ligou dizendo que meu filho chegou sozinho em casa, que uma amiga dela pegou e trouxe para ela. Liguei na creche e foi aí que descobriram que ele não estava lá, que tinha saído”, contou o motorista Lucas Barbosa de Souza, pai de Davi Lucas.

Segundos os pais, foi relatado que a funcionária que estava com o garoto e outros alunos teria ouvido chamar o nome dele e, por isso, o liberou, perto do horário da saída. A trabalhadora é de uma terceirizada do município e presta serviços de monitoria. “No outro dia procurei o secretário de Educação, teve uma reunião, ele pediu desculpa, porém, nesse caso desculpa não é válida. Têm que ser tomadas providências. Meu filho poderia estar morto, ter sumido”, criticou.

Souza registrou BO (Boletim de Ocorrência) e a Polícia Civil já começou a investigar o caso. “A partir destes fatos o pai veio prestar depoimento e vamos instaurar inquérito para apurar um possível crime de abandono de incapaz, já que a criança não tem condições de se cuidar sozinha e poderia ter acontecido uma situação pior”, explicou o delegado de Ibiporã, Vitor Dutra.

Outros depoimentos deverão ser agendados ainda nesta semana. “Vamos ouvir funcionários da escola para apurar de quem era a responsabilidade de estar com a criança no momento, quem eram as pessoas que estavam no dia, tudo para esclarecer os fatos. Estamos apurando se há uma situação de negligência grave que chegue ao ponto de imputar o crime de abandono de incapaz”, frisou.

‘REALINHAMENTO DE PROTOCOLOS’

Por meio de nota, o secretário de Educação da cidade, Antônio Prata Neto, informou que “estabeleceu-se imediata comunicação para acompanhamento e suporte” quando a pasta teve conhecimento do episódio e que “as medidas cabíveis ao fato” foram adotadas. “Ato contínuo, convocou-se todas as diretoras e realinhou-se com todos os profissionais o protocolo de segurança já existente no município em relação à entrada e saída dos alunos”, elencou.

A prefeitura não divulgou quais ações foram tomadas e nem o que foi otimizado nos protocolos. “Destaca-se ainda que as ações foram tomadas e que os protocolos devidos estão em todos os ambientes escolares do município para a segurança de cada estudante”, garantiu o secretário.

PROCESSO

Os pais de Davi Lucas pretendem entrar com um processo contra o município. “Saímos cedo para deixar o filho na creche na esperança dele ser bem cuidado, mas acontece do menino, que tem apenas três anos, vem embora sozinho, correndo risco de ser atropelado. Deus me livre se tivesse acontecido algo com ele, acabaria com a minha vida”, afirmou. O garoto atualmente está de férias e não deve retornar à creche após o período de recesso. “Estou com medo. Vai que, Deus me livre, levo e ele escapa de novo.”

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