A Polícia Científica do Paraná identificou um cemitério clandestino com ossadas de cães no local onde houve a maior operação de resgate de animais domésticos da história do Estado. A ação, feita pela Seção de Crimes Ambientais da instituição, utilizou um equipamento de mapeamento do solo (georadar) que permite encontrar irregularidades.

A primeira investida da Polícia Civil naquele local aconteceu no dia 19 de janeiro. Foram salvos 300 cães que estavam vivendo em situações insalubres em uma casa no bairro São Lourenço, em Curitiba. A dona dos cães foi presa em flagrante por maus-tratos.

A Polícia Civil identificou que eles viviam sem água e alimento. No local, os policiais civis ainda apuraram que havia uma densa camada acima do chão, feita por fezes e urina dos próprios animais. Os animais estavam em um local apertado, sem espaço entre eles. Além disso, os policiais identificaram diversos cães vivendo há anos dentro de caixas de transporte para viagens e apurou que, por estarem presos, não conseguem andar.

A nova ação foi desencadeada porque havia suspeita de ossos enterrados na casa. A operação contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Curitiba, que fez a identificação dos animais encontrados que tinham microchips e o recolhimento dos cadáveres. Algumas ossadas foram encaminhadas para exames complementares.

O equipamento utilizado na ação foi cedido pela empresa Leica Microsystems. "O georadar identifica uma anomalia, ou seja, qualquer material diferente do solo. Encontramos ossadas e alguns animais em estado de putrefação”, relatou a chefe da Seção de Crimes Ambientais da PCP, perita Angela Andreassa.

“Só pelos crânios, são 18 animais, mas havia vários ossos espalhados pelo terreno”, descreve Andreassa. Ela explica que, neste caso, há uma clara configurado de crime ambiental. “O cemitério gera contaminação no solo e no lençol freático”.

"Essa integração entre as instituições é de suma importância para realização de um trabalho de excelência, conjugando a expertise policial com a técnica científica”, destacou o delegado Guilherme Dias, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, da Polícia Civil do Paraná. Segundo ele, os dados levantados pela perícia serão analisados no inquérito policial que está em andamento.

CRIMES AMBIENTAIS

A Seção de Crimes Ambientais da Polícia Científica do Paraná completou três anos em dezembro de 2022 e já realizou 455 exames periciais, sendo 75% dos atendimentos de crimes contra a flora, 10% contra a fauna e 15% de poluição.

“A identificação de vestígios de um crime ambiental, como um pedaço de madeira, uma amostra de água contaminada, um material de caça ou pesca, influenciam no esclarecimento dos fatos da forma mais correta possível”, acrescentou a perita. (Com Agência Estadual de Notícias)