A partir da próxima terça-feira (12) será iniciada a pesquisa de origem e destino domiciliar em cinco mil imóveis de Londrina. A ação integra a principal parte do Plano de Mobilidade Urbana, que vem sendo executado desde outubro de 2018. Nesta terça (5) foram enviadas as correspondências para estes imóveis informado que o local foi sorteado para participar do estudo. A previsão é que até o final de abril sejam entrevistadas mais de 15 mil pessoas.

Os moradores deverão responder questões sobre viagens feitas no dia anterior a abordagem, o motivo do descolamento, se foi em razão de escola, trabalho, lazer ou saúde, e o meio utilizado para cada viagem, entre outros assuntos pertinentes ao tema. Também serão perguntadas questões socioeconômicas, como faixa de renda e grau de instrução. Todas as respostas são criptografadas para garantir sigilo das informações.

Neste início serão cerca de 30 entrevistadores, que são estudantes dos cursos de arquitetura, geografia e engenharia de duas instituições londrinenses. Eles estão recebendo capacitação e nas próximas semanas o número de pessoas em campo chegará a 60. Irão percorrer todo o município, na área urbana e rural, que foi dividido em 90 zonas de tráfego. As visitas serão de domingo a sábado. Todos os moradores dos imóveis selecionados acima de dez anos precisarão ser entrevistados. Caso na primeira visita não sejam encontrados, é uma feita uma segunda e se mesmo assim não conseguir a conversa poderá ser por telefone. Se nenhuma das opções derem certo é sorteado um novo imóvel.

Diretora de Trânsito e Sistema Viário do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), Denise Ziober recomendou que as pessoas recebam os entrevistadores e respondam as indagações de maneira fidedigna à realidade do cotidiano que vivem. "Pedimos para a população receber bem os pesquisadores, que são todos acadêmicos. Tudo será utilizado para melhorar a condição de mobilidade das pessoas na cidade", solicitou.

IDENTIFICAÇÃO
Os pesquisadores estarão identificados pelo uso de uniforme e crachá contendo o nome completo e foto. No site do Ippul vai ser divulgada lista com dados do pessoal contratado. "Cada carta encaminhada para o imóvel contém uma senha, que é única. O pesquisador vai falar qual é a senha e a pessoa de posse da carta tem como checar se é a mesma. Se for, ele é autorizado pela prefeitura a fazer as peguntas. O plano de mobilidade tem que refletir os problemas da população", ressaltou. O conteúdo será transmitido para um tablet. A última vez que a cidade organizou pesquisa deste tipo foi em 1994.

Informações serão utilizadas para promover mudanças no transporte coletivo e para embasar novas obras
Informações serão utilizadas para promover mudanças no transporte coletivo e para embasar novas obras | Foto: Gina Mardones



Posteriormente será feito o cruzamento dos dados entre aqueles coletados na pesquisa de origem e destino domiciliar e as projeções socioeconômicas do município. "Esta pesquisa vai ajudar a entender como ocorrem a movimentação da cidade. Aonde tem lugar que gera mais viagens, o local que menos atrai mais viagens. Vamos conseguir entender como ocorrem os fluxos para explicar o volume de carros na via, assim como o movimento de pessoas nos ônibus", detalhou Wagner Colombini Martins, presidente da Logit, empresa que venceu licitação e é responsável pela elaboração do plano de mobilidade de Londrina.

PLANO OBRIGATÓRIO
A Política de Mobilidade Urbana, sancionada pelo Governo Federal em 2012, obrigad todos os municípios brasileiros com mais de 20 mil habitantes e terem o Plano de Mobilidade Urbana. Esta é uma condição imposta para que estas cidades consigam verba e financiamento para qualquer tipo de projeto de transporte urbano. O prazo inicial era até 2015, entretanto foi prorrogado até abril de 2019.

A empresa, com sede em São Paulo e que é especializada neste tipo de trabalho, foi contratada no ano passado por pouco mais de R$ 3 milhões. A parte de pesquisas e levantamentos, que é a primeira de seis, começaram em outubro. Ela ainda abrange outros tipos de pesquisas para permitir caracterizar a oferta e demanda atual de transporte em Londrina, como levantamento com ciclistas, em linhas de contorno, que são no limite com outros municípios, e de embarque e desembarque em 146 linhas de ônibus.

Na apuração de linha de controle, que já vem sendo executada e está retornando após período de férias escolares, foi finalizado o serviço de campo em 22 dos 30 pontos propostos, por exemplo, na pesquisa de frequência e ocupação visual do transporte público. Neste tipo de ação o pesquisador classifica, por meio do olhar e com base em materiais, o nível de lotação dos ônibus.

TRANSPORTE COLETIVO
Denise Ziober garantiu que tudo o que for levantado, em especial com a pesquisa de origem e destino, será utilizado para embasar de forma mais clara melhorias no transporte coletivo, mesmo com a licitação já lançada. Atualmente o edital está suspendo pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). "Vai nos ajudar a racionalizar a rede de transporte, 'cortado' linhas que têm pouca utilização e aumentando a oferta naquelas com mais procura. Isto vai trazer economia e apontar lugares para criação de corredores exclusivos para ônibus. Vai dar qualidade ao serviço", exemplificou.

O Plano de Mobilidade Urbana deverá ser encerrado até novembro deste ano, com a empresa entregando até o fim do período, além do plano em si, projetos específicos para a área central, aprimoramento do Superbus e modelo de gestão. "Nós, que trabalhamos com trânsito e transporte, muitas vezes não temos a informação necessária para tomada de decisões. Então, tomamos muita (decisão) pela intuição, sensibilidade ou reclamação da população. Acabamos não tendo segurança de que essa esta é a melhor alternativa", reconheceu a diretora de Trânsito e Sistema Viário do Ippul.