Peritos não têm combustível nem luva
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quinta-feira, 15 de março de 2001
A falta de combustível nas viaturas do Instituto de Criminalística de Londrina, ontem de manhã, atrasou a chegada do perito Luís Noboru Morikawa, que atendeu a morte de um assaltante na zona leste da cidade. Ele chegou ao local uma hora depois da ocorrência, quando um veículo do plantão da 10ª Subdivisão Policial (SDP) foi buscá-lo. Por coincidência, no mesmo horário, o secretário de Segurança Pública, José Tavares, que estava em Londrina entregando dez motonetas ao 5º Batalhão da Polícia Militar, dizia a uma repórter da Folha que a querida cidade de Londrina é onde o Estado mais gasta com segurança.
O assaltante Márcio Roberto da Silva, 24 anos, morreu minutos após ser baleado nas costas por um vigilante do Posto do Banestado, no Mercadão do Povo, no Jardim Ideal, zona leste de Londrina, quando roubava malotes dos clientes que esperavam na fila a abertura do posto de serviço. Silva estava acompanhado de um outro homem, com uma arma calibre 12 de cano serrado. Eles chegaram a apertar o gatilho, mas a arma falhou.
O vigilante Esmeraldino Nora, que estava dentro da agência, ouviu o barulho, saiu na janela e disparou. O outro assaltante, segundo informações da polícia, levou um tiro na perna. Mesmo baleados fugiram, mas a cerca de 100 metros do posto, Silva, que pilotava a moto, caiu morto na calçada. O outro assaltante conseguiu fugir levando o malote com cerca de R$ 3 mil reais. A moto utilizada no roubo, uma XLX 350R, placa BVF 8964, havia sido roubada no dia 8 de março.
O pai do assaltante morto, José Roberto da Silva, fez a identificação do corpo. Silva, segundo o pai, havia cumprido pena em Curitiba e estava em Londrina há 11 meses, onde respondia em liberdade por um outro assalto. Nós o aconselhamos muito. Ele recebeu o que procurou, resumiu.
Noboru, que é diretor do Sindicato da Polícia Civil de Londrina e Região (Sindipol), pediu sacolas plásticas à moradora da casa em frente a qual o assaltante havia caído, pois não tinha nem mesmo luvas para realizar a perícia. As sacolas não chegaram a ser utilizadas porque um funcionário da 10ª SDP trouxe um par de luvas disponíveis no plantão. Noboru disse que com exceção da máquina fotográfica, todo o material que iria utilizar, inclusive a bolsa que acomodava os papéis, foram comprados por ele.
Noboru acrescentou ainda que só poderia fazer a denúncia por pertencer ao sindicato. Temos dívida em um posto da cidade e estamos sem crédito. Dependemos da boa vontade dos delegados ou dos parentes das vítimas. Enquanto fazia a perícia, Noboru foi chamado para atender a um acidente em Jaguapitã (46 km ao norte de Londrina) e esperava pelo delegado da cidade que vinha buscá-lo.