O santuário São Miguel Arcanjo, em Bandeirantes (Norte Pioneiro), atrai fiéis de diversas localidades ao templo, localizado no quilômetro 58 da BR-369. A devoção ao arcanjo leva muitas pessoas a percorrerem o caminho até o santuário a pé, às margens das rodovias, o que coloca os peregrinos em risco.

.
. | Foto: Divulgação

Elisabeti Correa Bernardes, coordenadora do grupo Peregrinos São Miguel Arcanjo, de Assis (SP), relatou as dificuldades que os fiéis enfrentam todos os anos no trajeto entre a PR-436, principalmente o trecho entre Itambaracá e Bandeirantes. "A estrada não tem acostamento. é muito estreita e escura. Pisamos em falso, em buraco e ao lado os carros passam a toda velocidade. Ela era muito usada quando não havia outra alternativa, mas, com o passar do tempo, ficou bem desgastada. A gente corre um perigo danado. Várias pessoas que caminham se machucaram. Graças a Deus nunca tivemos um acidente fatal, mas, se nada for feito o mais rápido possível, vai ser questão de tempo pra lamentarmos uma morte", comentou.

A representante dos peregrinos salientou que "não existe outro caminho disponível" e adiantou que começou a juntar forças com políticos da região para cobrar melhorias na rodovia estadual. "Seria bom uma via secundária entre São Paulo e Paraná. Ficaríamos muito felizes. Nessa semana, pedi que um vereador daqui de Assis entre em contato com parlamentares de Bandeirantes para que possamos lutar em conjunto. Nos próximos dias devemos marcar uma reunião com todos para, quem sabe o mais rápido possível, definirmos as medidas serão cobradas", informou.

ARCANJOS

No último dia 29 de setembro, data em que se comemoram os arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, o santuário recebeu cerca de 45 mil pessoas, segundo estimativa da organização, que participaram da programação especial com três missas ao longo do dia.

O evento transcorreu de forma tranquila, frisa o padre José Antônio Campos, administrador econômico do santuário. “Foram duas realidades: uma de ordem sobrenatural - Deus conduziu. E as forças de segurança - Polícia Rodoviária Federal, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Militar, Departamento de Estradas de Rodagem e Econorte - fizeram uma parceria agilizando o trânsito e viabilizando acesso”, comentou.

Analisando a situação dos devotos, o padre analisa: “do aspecto presença do peregrino, do caminheiro, da caminheira, é uma grande benção, evidentemente. A gente percebe que nem todos têm aquela genuína intenção, piedade devocional, mas a maioria tem - que o leva a caminhar de longe ou de perto, recebemos das mais variadas regiões”.

Quanto às providências, ele diz: "não há como uma organização privada como a igreja instalar postes ou sinalização, pois não competência para assim agir, já que até cabe penalidade. O que estamos fazendo é um projeto com relação a Bandeirantes, trocando ideias com autoridades competentes, que são bem para criar um acesso próprio ao santuário”, informou.

Antes da festividade, o padre alertou os devotos. “Gravei um vídeo que circulou nas redes sociais no seguinte sentido: rodovia é lugar de veículos, e o acostamento é uma válvula de escape para uma eventualidade que possa ocorrer com o veículo. Muitos peregrinos não têm outras vias para chegar ao santuário, mas pedimos que sigam em vias alternativas – quem vem a cavalo, por exemplo, anda o mínimo em estradas pavimentadas, observando estradas vicinais rurais para, com mais segurança poder se deslocar, já que mesmo o acostamento às margens das rodovias é muito danificado. Pela BR-369, por dentro de Bandeirantes, é praticamente impraticável”, comentou.

Outra sugestão é a comutação - uma troca de intenção. A pessoa vem com seu veículo, estaciona aqui, onde temos um amplo estacionamento e, se levaria, por exemplo, três horas na peregrinação, caminha três horas no santuário olhando o anjo.

Em nota divulgada durante a caminhada dos católicos na comemoração dos sete anos do Santuário São Miguel Arcanjo, a Polícia Rodoviária Federal orientou que as peregrinações não acontecessem nos acostamentos das rodovias. Veja a recomendação na íntegra:

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) não recomenda a realização de caminhadas em trechos de rodovias, exceto em casos de extrema necessidade.

Ainda que o trajeto a pé seja executado pela área de acostamento, sempre há algum risco de o pedestre vir a ser atropelado, em razão das características do tráfego rodoviário.

Não há meios de se garantir a segurança de pedestres nessas condições, nem mesmo com o eventual uso dos chamados "veículos de apoio".

Vale observar que não há hipótese legal para que a circulação de veículos pelo acostamento seja autorizada, exceto ambulâncias e viaturas policiais, em casos de emergência.

Transitar pelo acostamento da rodovia é uma infração de trânsito. E mesmo veículos que o fazem em baixa velocidade, acompanhando os peregrinos, são também um fator de risco.

A PRF orienta que os deslocamentos sejam feitos de forma segura, em veículos apropriados, de acordo com as previsões legais.