Curitiba - O universo da moda começa a dar uma trégua no padrão de moças excessivamente magras. Em janeiro deste ano, desfile em São Paulo reuniu dez empresas que trabalham com roupas de tamanhos maiores, atingindo grande público de mulheres que não possui as rígidas silhuetas das manequins. Para isso, contrataram profissionais do tamanho plus size, com quadril largo, coxas grossas e cintura maior. Em março, uma revista de moda francesa inovou e estampou em suas páginas a foto de uma modelo nua com estes moldes maiores.
Como as mulheres com silhueta semelhante a das modelos tradicionais são minoria no mundo, nada mais justo que abrir um mercado para as demais. Agência de modelos de Curitiba apostou neste universo e criou um casting de mulheres com tamanho plus size. Na última semana, um desfile foi realizado para apresentar as 12 novas modelos que agora começam a trabalhar em campanhas fotográficas e na passarela.
Uma delas é a massoterapeuta Luana Garcia, 25 anos. Desde criança ela desejava atuar como modelo. Ainda na pré-adolescência fez um curso para ingressar na área. Mas o quadril cresceu e ela desistiu. Mais tarde fez um book fotográfico e soube que haveria a escolha de um elenco de modelos não tão magras. Era a chance que precisava. ''Tem meninas lindas que podem realizar excelentes trabalhos. Esse padrão de beleza estipulado chega a trazer muitas doenças. Eu sofri de bulimia durante um tempo. Hoje estou muito satisfeita com meu corpo. Sou chamada de 'gordelícia' e adoro'', conta.
Luana mede 1,58 metro e pesa 66 quilos. Se fosse trabalhar como modelo nos moldes tradicionais, deveria ter aproximadamente 16 quilos a menos. ''Não me privo de comer um chocolatinho ou de sair para jantar com os amigos'', revela.
A gerente bancária Viviane Iankauskas, 35 anos, tem duas filhas e também participou do desfile. O belo rosto e cabelos revelam os cuidados que ela tem com a aparência. Na juventude também fez cursos, mas se casou cedo e logo vieram os filhos, então desistiu de tentar carreira na área. Quando soube da seleção não perdeu tempo. ''Essa ideia é ótima. Ainda existem poucas lojas para mulheres que vestem calça número 46, por exemplo. É difícil achar roupa que caia bem.''
Coxa grossa e quadril largo são algumas das características da mulher brasileira. Quando os empresários resolverem investir neste mercado, poderão ganhar muito dinheiro, na opinião da maquiadora Helena Bach, 32 anos. ''É necessário ver a realidade da população'', revela Helena, que não fez feio na passarela.
Mesmo fora do padrão tradicional, a modelo plus size deve apresentar desenvoltura, fotogenia e ter um perfil de top model, sem esquecer de ser discreta na passarela. Quem deve aparecer é a roupa e não a profissional.
A estudante Raffaela Vion Batista, 16 anos, mede 1,89m e pesa 79kg. Estava muito nervosa, pois pisou no palco pela primeira vez. ''Minutos antes pensei em desistir.'' A vaidosa loira de olhos azuis não acha que exista um padrão de beleza. Em uma competição entre as 12 modelos, ela ficou em primeiro lugar. Agora pretende investir na área, com o apoio da família.