Usuários que estavam no ponto da Leste-Oeste criticaram o reajuste
Usuários que estavam no ponto da Leste-Oeste criticaram o reajuste | Foto: Marcos Zanutto



O DER/PR (Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná) autorizou o reajuste anual das passagens de ônibus de mais de 700 linhas de transporte rodoviário intermunicipal e metropolitano, que entrará em vigor na sexta-feira (1). Os índices de reajuste levam em conta as altas nos preços de chassi, carroceria de veículos e pneus, e também contemplam aumentos salariais previstos na convenção trabalhista da categoria. Os cálculos foram feitos considerando o período de maio de 2017 a abril de 2018.

O aumento, aprovado pela Agepar (Agência Reguladora de Serviços do Paraná), será de 4,03% para o transporte coletivo das regiões metropolitanas, com exceção de Curitiba, e de 5,09% para o transporte intermunicipal. O reajuste será acima da inflação no período. O valor acumulado da inflação nos últimos 12 meses medido pelo IGPM, da Fundação Getúlio Vargas, foi de 1,89%. Já a inflação medida nos últimos 12 meses pelo IPCA do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 2,76%.

Nos ônibus da empresa TIL – Transportes Coletivos S.A. já foram afixados cartazes comunicando o aumento da tarifa. Para quem paga R$ 3,75 atualmente passará a desembolsar R$ 3,90. Esse reajuste valerá para todas as linhas da empresa: Ana Eliza (Via Cacique); Jd. Ana Eliza; Jd. Ana Rosa; Jd. Santo Amaro; Jd. Silvino; Jd. Tarobá; Jd. Tupy; Shopping Catuaí; Terminal de Cambé; Terminal de Ibiporã. Procurada pela reportagem, a diretoria da empresa se limitou a dizer que o reajuste foi autorizado pelo DER.

A diretoria da Viação Garcia e Brasil Sul foi procurada e informou que os valores da nova tarifa serão divulgados nos sites das empresas.

O DER é responsável pelas linhas metropolitanas do Interior, sendo que as da Região Metropolitana de Curitiba estão sob responsabilidade da Comec (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba). De acordo com o DER, há variações no reajuste para cima ou para baixo, conforme o arredondamento da tarifa, que pode oscilar cinco centavos para facilitar o troco.

ABSURDO
A operadora de telemarketing Andréa Alves declara que o reajuste é um absurdo. "Eu moro em Cambé e isso vai impactar na renda do trabalhador que pega ônibus todos os dias. Eu recebo vale-transporte, mas não utilizo o transporte só para trabalhar. Eu uso para outras coisas e isso acaba afetando o orçamento no fim do mês. O dinheiro que seria gasto com outras coisas acabo utilizando para complementar o valor da passagem", apontou.

A merendeira aposentada Iracema Abel viu o cartaz anunciando o aumento no momento em que a reportagem a abordou. "Acho o reajuste alto, mas diante do que aconteceu recentemente, com a paralisação dos caminhoneiros, em que o povo não quis esperar o desfecho, agora é aguentar a 'borrachada'", apontou. Ela mora em Cambé, mas utiliza muitos serviços em Londrina. "Venho aqui para pagar contas, para ir ao médico, fazer exames. Prefiro vir para cá."

O vendedor Robson Rodrigo Aderijo Luiz reside em Apucarana (Centro-Norte) e gasta R$ 20 para ir e voltar no trajeto até Londrina. "Achei o reajuste meio salgado, mas para a população se locomover tem que pagar. Eu raramente venho para cá, mas quem usa direto vai ver esse reajuste ficar salgado no fim do mês. Quem recebe vale-transporte sofre menos, mas quem paga a tarifa integral do próprio bolso vai sentir mais", observou.

A gerente de restaurante Elisângela Aparecida Jerônimo criticou a apatia dos brasileiros diante de tantos reajustes. "O povo não liga, não tem atitude. Enquanto não tiver atitude, não vai mudar a realidade. O governo aumenta e ninguém fala nada. Os motoristas tentaram, mas o povo não ligou", apontou.