Passageiros que dependem do transporte coletivo em Londrina têm demonstrado insatisfação com a rotina de higienização dos ônibus neste período de pandemia do novo coronavírus. A reportagem esteve no Terminal Central por aproximadamente uma hora na tarde da última segunda-feira (4) e constatou o relato de desagrado dos populares. Antes do início da pandemia, segundo a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), em seu site, pelo local passavam diariamente cerca de 120 mil pessoas.

Usuários  entrevistados no terminal central e reclamaram da falta de limpeza
Usuários entrevistados no terminal central e reclamaram da falta de limpeza | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Na plataforma superior, por exemplo, durante todo o tempo em que a FOLHA ficou no local não foi visto nenhum funcionário promovendo a limpeza interna dos veículos após a chegada ou antes da saída. “A impressão que dá é que isso foi apenas no começo, quando o coronavírus chegou na cidade. O comércio voltou a funcionar e, ao invés de intensificar (a higienização), diminuiu”, afirmou a auxiliar de limpeza Eunice Camargo. “Se o principal terminal está assim, imagine os de bairro. Fora a lotação nos horários de pico”, apontou.

Por conta da baixa frequência da higienização, tem passageiro que está carregando pano e álcool na bolsa para desinfectar o banco. É o caso de Vanessa Andrade da Silva. “Ainda uso luva para evitar ter contato direto com as superfícies. Tenho vindo com frequência ao centro nos últimos dias para resolver questões bancárias e não vi nenhum tipo de limpeza nos ônibus. Cobram tanto das lojas e aqui não. Além disso, deveriam colocar mais carros para evitar muita gente aglomerada”, relatou a dona de casa.

De acordo com o zelador Rufino Pires, morador do jardim União da Vitória, zona sul da cidade, não há um esforço para prevenção à Covid-19 nos trajetos, inclusive por parte dos usuários. “Tem horário que embarcamos no bairro e o motorista oferece álcool gel, outro não. Tem pessoa que entra sem máscara e o motorista não chama atenção. Algumas pessoas embarcam com máscara, mas depois retiram. Tenho me cuidado e fico preocupado”, lamentou.

PISO INFERIOR

No dia em que a reportagem foi ao Terminal Central, apenas um funcionário estava fazendo a higienização dos ônibus que chegavam na plataforma inferior. O serviço era nos carros em que o condutor descia por um período, a maior parte micro-ônibus. "Uma pessoa só para limpar os vários carros que chegam e sempre com pressa é pouco. No mês passado a prefeitura divulgou um vídeo com três desinfectando. Cadê o restante?”, questionou o estudante Carlos Sampaio.

Em todas as plataformas há recipientes com álcool gel: reposição é constante
Em todas as plataformas há recipientes com álcool gel: reposição é constante | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

“Não tive transtorno. No ônibus que entrei fizeram a limpeza antes, o que é bom”, destacou a diarista aposentada Marisa Moreno, que utilizou a linha João Paz, zona norte.

Em todas as plataformas foram instalados recipientes com álcool gel, em que trabalhadores da empresa terceirizada constantemente fazem a reposição. O mesmo não acontece no banheiro masculino do piso de cima do terminal, que no início desta semana não contava com álcool, sabonete e papel toalha para secar as mãos.

AGLOMERAÇÕES

Outro problema identificado foi a aglomeração nas portas dos ônibus entre os passageiros que descem e principalmente aqueles que vão embarcar nos coletivos, o que já era comum encontrar antes da pandemia e não mudou. O Ministério da Saúde recomenda que as pessoas, quando necessitam permanecer em filas, mantenham distância mínima de cerca de dois metros para segurança.

MÁSCARA

Já o decreto municipal que exige o uso de máscaras para circulação no terminal vem sendo respeitado. Os poucos passageiros que não dispõem do acessório recebem gratuitamente dos funcionários que atuam no local. As máscaras foram adquiridas pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização). Mesmo com as constantes orientações, ainda é possível encontrar pessoas negligentes no uso, deixando a máscara abaixo do nariz ou no queixo.

CMTU E EMPRESAS

A CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) e as empresas que operam o transporte coletivo em Londrina – Londrisul e TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina) - garantiram que a limpeza nos ônibus está sendo feita diariamente desde que as medidas de prevenção e combate ao coronavírus foram adotadas no município por meio de decretos.

As concessionárias afirmaram que mantém equipes de colaboradores atuando na higienização dos veículos em todos os terminais onde possui embarque e desembarque de passageiros. “As rotinas de higienização estão sendo cumpridas de acordo com as determinações da CMTU”, ressaltou a TCGL, por meio de nota.

Gerente da Londrisul, Amarildo Teixeira Lopes disse que os veículos também são limpos antes de saírem das garagens e depois que retornam. “Temos funcionários fazendo limpeza o dia todo. Pode ocorrer alguma situação em que o ônibus chega e não tenha tempo hábil naquela volta, nos horários de pico, em que a demanda é grande, porém, na próxima isso acontece. A empresa se preocupa com a limpeza.”

Já a CMTU, em nota, sustentou que em consulta as imagens registradas pelas câmeras instaladas no Terminal Central, foi constatado que no horário de 14h30 e 15h30, na segunda-feira (4), quando a FOLHA esteve no local, a equipe de higienização estava trabalhando nos ônibus. A reportagem reafirma que durante uma hora que permaneceu no terminal, apenas um funcionário foi visto higienizando os coletivos e no piso inferior.