Não bastassem as reclamações sobre a falta de estrutura dos locais de espera dos ônibus das linhas intermunicipais e metropolitanas de Londrina, os passageiros agora lamentam a redução da frota e, consequentemente, a mudança de horários.

Imagem ilustrativa da imagem Passageiros da Região Metropolitana reclamam de frota reduzida
| Foto: Isaac Fontana - Framephoto - Folhapress

“Já fiquei uma hora e meia esperando o ônibus porque o horário mudou e eu não fiquei sabendo. Você acessa o site, mas as informações não batem. Acho que está desatualizado. É um absurdo porque muita gente depende desses ônibus, paga a passagem e ainda tem que passar por esses transtornos”, reclamou Maikon Douglas Felix ao se referir à linha Londrina-Ibiporã, da Til Transportes Coletivos.

As duas empresas que operam no transporte coletivo de passageiros entre Londrina e região metropolitana - Viação Garcia e Til - alteraram a circulação dos veículos desde as ações emergenciais de prevenção ao novo coronavírus instauradas no Estado e municípios. No entanto, com a reabertura do comércio mesmo em horário reduzido, o fluxo de pessoas que depende do transporte coletivo tem aumentado gradativamente e gerado muitas reclamações.

O vendedor Valquiris Moreira da Silva mora em Londrina e transita pelos municípios vizinhos a trabalho. Ele estava irritado na manhã desta segunda-feira (11) porque não sabia que o próximo ônibus sairia somente às 12h. “Eu pegava um ônibus no meio da manhã e agora vou ter que pensar em uma solução. Não tem avisos nos veículos e é muito difícil fazer contato com a empresa. Como não tem ônibus suficientes, os carros saem daqui bem cheios”, desabafou a respeito da linha operada pela Viação Garcia.

Uma mulher que pediu para não ser identificada também reclamou da mudança na linha Londrina-Jataizinho. “Antes a gente tinha carro de uma em uma hora, mas agora preciso ir até Ibiporã e meu marido vai me buscar”, disse a passageira acrescentando que não há fiscalização sobre o uso de máscaras nos ônibus.

“Já peguei ônibus com pessoas sem máscara. O trajeto é de 40 minutos e eu tenho problema cardíaco. Fico muito insegura e acho que a empresa precisa ter mais cuidado e manter as regras de prevenção”, afirmou.

NA MIRA DO MP

Tendo conhecimento sobre o transtorno que a redução da frota de veículos do transporte coletivo tem causado aos passageiros, as promotorias de Ibiporã, Cambé e Londrina, que atuam na área da Defesa do Consumidor, abriram um Procedimento Administrativo na sexta-feira (8).

O documento recomenda ao DER/PR (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná) e às empresas concessionárias a retomada da tabela oficial de horários nos momentos de pico diário. Uma delas é a linha Jataizinho-Londrina, operada pela Viação Garcia.

As Promotorias de Justiça citam o recebimento de diversas denúncias por parte da população a respeito da lotação do transporte coletivo, aglomerações, redução da frota e das linhas de ônibus. Fatos que configuram em elevado risco de contaminação pela Covid-19.

O documento descreve que o DER/PR acolheu a recomendação e expediu o Ofício Circular nº 007, de 28 de abril de 2020, “solicitando que as concessionárias e permissionárias dos Serviços Públicos de Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros voltem a operar os horários oficiais de tabela autorizados pelo DER, na faixa de pico das demandas (manhã e tarde), podendo manter os ajustes, fora destas, desde que a demanda justifique”.

O MP deu o prazo de 48 horas para que a empresa Til Transportes Coletivos S/A adote as providências. A empresa opera 14 linhas intermunicipais entre as cidades de Ibiporã, Londrina e Cambé e terá que cumprir também uma série de medidas sanitárias, de controle e segurança para preservar a saúde dos passageiros.

Entre elas está o reforço das medidas de higienização no interior dos veículos e de superfícies nos Terminais de Integração da Região Metropolitana de Londrina disponibilizando, em locais sinalizados, álcool, em concentração 70% para todos os usuários do serviço; a sinalização vertical e/ou horizontal em espaço de espera de passageiros, considerando a distância mínima de 2m entre os consumidores, entre outros.

Se necessário, o MP afirma que tomará as medidas judiciais cabíveis para assegura o cumprimento das recomendações. A FOLHA procurou as empresas Viação Garcia e Til Transportes para que se manifestem sobre o assunto. Até o momento desta publicação, não houve retorno.