Imagem ilustrativa da imagem Paróquia celebra Corpus Christi com cortejo na zona oeste de Londrina
| Foto: Lais Taine - Grupo Folha

Antônio Vieira de Melo Neto, 55, lamentou a tarefa para qual foi designado na manhã desta quinta-feira (11), na paróquia São José Operário, no jardim Leonor (oeste). Não pelo trabalho, mas por estar impedido de confeccionar os tapetes de serragem e palha como gostaria e como sempre fez, desde 1997, no dia de Corpus Christi. Por conta da pandemia, o mecânico aposentado não enfeitou as ruas, mas ficou responsável em amarrar o Santíssimo Sacramento na caminhonete. Depois da transmissão da missa, às 8 horas, o cortejo saiu para celebrar a data em um formato diferente.

Imagem ilustrativa da imagem Paróquia celebra Corpus Christi com cortejo na zona oeste de Londrina
| Foto: Lais Taine - Grupo Folha

Enquanto a missa era transmitida da capela, no pátio do lado de fora da igreja uma equipe de aproximadamente 25 pessoas estava ansiosa para que tudo desse certo, Toninho (como é conhecido) era um deles eles. “É um pouco triste, porque eu gostava muito de fazer o tapete, gostava da união das pessoas, a gente nem dormia, passava a noite confeccionando os tapetes, as pessoas iam levar café para a gente, era um evento”, relembra.

Neste ano, por conta da pandemia do novo coronavírus, as igrejas não farão a procissão à pé, mas a paróquia encontrou uma forma de levar a mensagem e Toninho estava lá para contribuir na missão. Ele ajudou a amarrar o Santíssimo no teto da caminhonete e também a cadeira na caçamba para o padre circular os bairros no cortejo. Uma forma de celebrar a data nos parâmetros das orientações de saúde.

Após celebrar a missa, o padre Dirceu Júnior dos Reis subiu na caçamba e, com um carro de som guiando a comitiva, circulou pelos bairros da região. “Celebrar no dia de Corpus Christi significa reforçar a iniciativa de Cristo, não somos nós que vamos até ele é ele que vem até nós”, explica o padre. “Nessa renovação de confiança com Cristo, os fiéis também percebem que é acolhida a realidade de cada coração, cada família, cada enfermo, idoso, criança, por isso que essa expressão de fé, no contexto em que nós estamos, desperta muita emoção”, acrescenta.

Juraci Soares Batista, 70, montou um altar na calçada para esperar o cortejo. “Eu acho muito lindo e fico emocionada”, comove-se. A dona de casa comenta que esse é um momento muito difícil e que com a igreja fechada, ela acompanha como pode na televisão. Para receber o Santíssimo, ela forrou uma cadeira com uma toalha branca e nela colocou flores, imagens de santas, rosário, vela e aguardava desde às 8h40 com o marido Pedro Batista, 67. Quando o cortejo finalmente passou, Juraci chorou mais uma vez. “O meu coração derrete”, comenta.

Juraci Soares Batista e Pedro Batista montaram um altar para receber o cortejo
Juraci Soares Batista e Pedro Batista montaram um altar para receber o cortejo | Foto: Lais Taine - Grupo Folha

Em outra rua, Leonídia Fioresi, 71, também viu o cortejo passar por volta das 9h30, mas o altar estava pronto desde as 8h10. “Essa semana corri atrás de comprar um santo para o meu altar”, conta. Sem frequentar às missas, ela recebe o cortejo com gratidão. “Eu sinto uma emoção muito grande quando eles passam, é muito bonito”, revela.

Neste ano, essa é a terceira vez que é realizado o cortejo nos bairros. De acordo com Éder Vieira da Silva, 47, que faz parte da equipe de organização, a paróquia arrecada doações todo segundo domingo do mês. Nessa ação, eles recolheram as doações diretamente nas casas dos fiéis e também os cartazes confeccionados pelas crianças para uma futura exposição na igreja. Na programação da comitiva consta diversos bairros da região, como jardim Leonor, Santa Rita, Santigao e Nossa Senhora da Paz.