Com a oferta de comida boa, saudável e com preço acessível, as hortas comunitárias vêm ganhando cada vez mais espaço nas cidades, assim como de pessoas interessadas em cultivar verduras e hortaliças. Com o objetivo de incentivar a produção de alimentos frescos e o desenvolvimento econômico e social, o Programa Cultivar Energia chegou a Londrina. O projeto é uma parceria entre a Copel e as prefeituras paranaenses para dar uso a espaços que estavam desocupados.

Lançado há 10 anos, o programa tem 13 hortas espalhadas pelo Paraná, sendo a 14° inaugurada nesta terça-feira (25) em Londrina. É a primeira horta comunitária do projeto na região Norte do estado, e fica em um terreno de dois mil metros quadrados na avenida Santos Dumont, Jardim Lolata, zona leste.

Imagem ilustrativa da imagem Parceria transforma terreno em horta comunitária em Londrina
| Foto: Jéssica Sabbadini

'POR QUE NÃO UTILIZAR O ESPAÇO?'

Márcio Ramos Pinto, gerente da Divisão de Área de Manutenção, Subestações e Linhas de Transmissão da Copel, explica que a ideia surgiu como uma forma de utilizar os espaços que ficam embaixo das torres de transmissão. “Como não pode receber construções ou árvores, essa é uma área inservível que nós temos alguns problemas, como invasões e construções irregulares, que podem trazer risco para a segurança das pessoas”, ressalta.

Entretanto, os locais podem ser utilizados para o cultivo de plantas rasteiras, como hortaliças e verduras. “Então por que não utilizar o espaço para trazer renda para as famílias ao mesmo tempo em que deixa o lugar mais bonito?", ressalta.

Segundo ele, apesar de ser o primeiro na região, já há outros projetos em andamento em cidades como Apucarana (Centro-Norte) e Bandeirantes (Norte Pioneiro). Ele explica que os municípios interessados podem entrar em contato com a Copel para discutirem e avaliarem a possibilidade de implementação do projeto. “A Copel cede o terreno, cerca toda a área, fornece aventais, chapéus, sacolas, placa de identificação da horta e orientações em relação à segurança de todos”, detalha.

Londrina recebe a primeira horta comunitária do projeto na região Norte; terreno tem dois mil metros quadrados
Londrina recebe a primeira horta comunitária do projeto na região Norte; terreno tem dois mil metros quadrados | Foto: Jéssica Sabbadini

Amanda Andrello Costa, diretora de Abastecimento da secretaria municipal de Agricultura e Abastecimento, explica que a decisão de trazer o projeto para a cidade partiu da própria comunidade. Segundo ela, um grupo de pessoas procurou a prefeitura para utilizar o terreno, o que motivou uma conversa com a Copel.

“A comunidade estava organizada e muito interessada em cultivar nesse espaço, então o processo correu de forma bem rápida e fluida”, explica. Costa também ressalta que há um terreno na zona norte em que os moradores também já demonstraram interesse. “Nas próximas semanas, já queremos dar início a esse novo projeto”, afirma.

Com custo zero para a população, Londrina já conta com 59 hortas, tanto escolares quanto comunitárias. As pessoas interessadas no cultivo em hortas comunitárias do município podem procurar a secretaria pelo telefone 3372-4789, e-mail [email protected] ou presencialmente na sede da pasta, que fica dentro do Parque Arthur Thomas (Rua da Natureza, n° 155 - Jardim Piza).

Para o vice-prefeito de Londrina, João Mendonça, a palavra é sustentabilidade: “É uma conscientização necessária para que as pessoas enxerguem as possibilidades que estão à frente. Ao invés de um terreno cheio de lixo, elas têm um terreno cheio de comida boa”. Segundo ele, as pessoas podem consumir, doar e vender as verduras.

'PRAZER E SAÚDE'

Célio Tadashi Kimura é o idealizador da Horta Comunitária do Jardim Lolata. Com alguns colegas da Igreja Seicho No Iê, começou a utilizar os espaços da instituição para cultivar hortaliças durante a pandemia de coronavírus. Notando uma demanda da comunidade pelos produtos, ele conheceu o Programa Cultivar Energia, da Copel. “Eles [funcionários da secretaria de Agricultura e Abastecimento] nos incentivaram bastante e percebemos a aceitação dos vizinhos e amigos, que fez com que a gente topasse a ideia. Nós fazemos porque gostamos. Não é para ganhar dinheiro, é porque traz prazer e saúde”, afirma.

Célio Kimura: "Percebemos a aceitação dos vizinhos e amigos, e topamos a ideia da horta"
Célio Kimura: "Percebemos a aceitação dos vizinhos e amigos, e topamos a ideia da horta" | Foto: Jéssica Sabbadini

Rosimeri Komatsu, parceira de Célio, conta que sente prazer em ir até a horta após o expediente de trabalho para relaxar e desestressar: “Eu passo horas e horas aqui”. Ela lembra que já há hortaliças disponíveis para venda, como alface americana, brunela, crespa e roxa, almeirão, couve, rúcula, salsinha e cebolinha, todos cultivados sem defensivo químico. Quem quiser comprar algum dos produtos pode ir até o local (Avenida Santos Dumont, em frente à Casa da Indústria) ou fazer o pedido pelo número 99167-6429 (WhatsApp), que eles fazem a entrega a domicílio.

Mitiko Morooka e o filho, Mauro Taiji Hiruo, são voluntários na horta. Crescendo na região de Tamarana (Região Metropolitana de Londrina) em uma família de agricultores, a professora aposentada conta que o gosto pela horta vem de família, já que o pai, aos 97 anos, ainda cultiva suas verduras em casa. “Eu comecei a vir de vez em quando para ajudar a lavar as folhas no dia da distribuição e agora venho com mais frequência”, explica. Segundo ela, eles querem fazer com que a horta seja modelo para outras: “o preço é acessível e as hortaliças são muito bem aceitas, tanto que eu levo para toda a família e amigos”.

As hortaliças, que já estão à venda, são cultivadas sem defensivo químico
As hortaliças, que já estão à venda, são cultivadas sem defensivo químico | Foto: Jéssica Sabbadini