Com as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) marcadas para os dias 17 e 24 de janeiro de 2021, os 5.687.271 de inscritos começam a colocar mais energia nos planos de estudo. Para este ano, o Enem também terá uma versão digital, nos dias 31 de janeiro e 07 de fevereiro. Nesta modalidade foram 96.086 inscrições.

A nota do Enem é usada como critério para o acesso de estudantes em universidades públicas
A nota do Enem é usada como critério para o acesso de estudantes em universidades públicas | Foto: Isaac Fontana - FramePhoto - Folhapress

O total de inscritos, segundo os dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), representa um aumento de 13,5% em relação ao quantitativo do ano passado. Mas no Paraná esse percentual foi muito mais expressivo. De acordo com a Seed (Secretaria de Estado da Educação), houve um aumento de 38,67% no número de inscritos da rede pública em comparação ao ano passado. As inscrições no Estado passaram de 38.350 para 53.180. Ao todo, o Paraná tem 239.676 inscritos no Enem 2020. Destes, 233.247 farão a prova impressa e 6.429, a versão digital.

O coordenador do ensino médio do Colégio Marista em Londrina, Nilson Douglas Castilho, avalia que o aumento dos inscritos no Paraná é reflexo de algumas situações. A primeira delas é que as pessoas estão mais atentas às informações pela internet,o que facilitou a realização da inscrição. Outra hipótese é de o Enem ser encarado como uma oportunidade de formação neste momento de crise sanitária e econômica. “E dentro da incerteza que estamos vivendo, muitos vestibulares e processos seletivos podem ser cancelados e assim, muitas pessoas também estão buscando ingressar em instituições através do Enem”, completa.

Para o diretor-geral da Seed PR, Gláucio Dias, o aumento de inscritos é reflexo do Aula Paraná, sistema EaD (ensino a distância) lançado pela secretaria por conta da pandemia .

PERFIL

Do total de candidatos, 83% efetuaram inscrição gratuita, por atenderem aos critérios de isenção especificados pelos editais ou estarem concluindo o ensino médio em escola pública neste ano. De acordo com o perfil dos participantes desta edição, mais da metade tem até 20 anos de idade e quase 13 candidatos têm acima dos 60 anos. No entanto, quando se analisa a aplicação digital da prova, o percentual de inscritos mais velhos é maior: 36,3% têm de 21 a 39 anos e 19%, de 31 a 59 anos.

ADIAMENTO

As novas datas das provas do Enem foram divulgadas pelo MEC (Ministério da Educação) no dia 8. Se não fosse a pandemia do novo coronavírus, o Enem seria realizado em novembro deste ano. Para o professor Castilho, as novas datas das provas têm o lado positivo, já que o calendário vai ajudar bastante nos processos seletivos como o Sisu e ajuda também a manter um certo clima de normalidade.

Porém, ele alerta que “o Enem pode coincidir com vários vestibulares que estão sendo reprogramados, com por exemplo, na própria UEL e UEM (universidades estaduais de Londrina e Maringá). O aluno terá que saber como é a entrada na instituição que ele deseja estudar, se é pelo Enem ou pelo vestibular tradicional. Pode ser que ele tenha que fazer essa escolha”, diz.

A nota do Enem é usada como critério para o acesso de estudantes em universidades públicas através do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e para programas de acesso ao ensino superior privado, como o Prouni (Programa Universidade para Todos) e o Fies (Programa de Financiamento Estudantil).

EXCLUSÃO DIGITAL

A UNE (União Nacional de Estudantes), UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas) e ANPG (Associação Nacional dos Pós-Graduandos) assinaram e publicaram uma nota conjunta nas redes sociais, declarando a falta “de diálogo verdadeiramente democrático com os estudantes, profissionais da educação e saúde” e afirma que continuarão lutando para que seja formada uma Comissão de Crise para discussão das novas datas. O texto tem como argumento para o adiamento das datas das provas a exclusão digital vivida por milhares de estudantes.

Na internet, estudantes lançaram uma campanha com a #SemAulaSemEnem, reunindo mais de quatro mil escolas, além de organizações e sociedade em geral. No Paraná, 150 escolas participam da campanha. São várias ações em discussão e uma delas é o envio de e-mails a deputados e senadores, formalizando o pedido de adiamento.

SEM ACESSO

A plataforma Microdados do Inep aponta que do total de 5.095.270 inscritos no ano passado, 1.140.465 (22,38%) não têm acesso à internet e 2.345.467 (46,03%) não têm computador em casa.

O diretor-geral da Seed, Gláucio Dias, comenta que para atender 1,1 milhão de estudantes da rede de ensino público do Estado, as aulas estão sendo transmitidas em três canais de TV aberta e via aplicativo, com a contratação operadoras de telefonia para que alunos tenham acesso gratuito. Considerando que 0,3% não é assistido por nenhuma dessas plataformas, Dias cita que esses estudantes têm retirado um kit pedagógico nas escolas. “São cerca de 30 mil kits a cada 15 dias”.

Em relação aos prejuízos no desempenho da prova do Enem pelo fato de os alunos terem que estudar em casa, Dias cita os dados de participação dos alunos nas aulas e atividades on-line e afirma que o Paraná não terá uma defasagem nesse sentido. “Acho que a autonomia dos alunos sobre os estudos é, inclusive, um ganho para o futuro, na capacidade de se autodesenvolver, de responsabilidade”, pontua.

Dias adiantou que a partir de agosto os estudantes terão acesso à revisão de conteúdos focados no Enem e fora do horário das aulas regulares, também de forma remota.