Paralisação deixa delegacias abandonadas
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sexta-feira, 27 de outubro de 2000
Luciana Pombo De Curitiba
Viaturas paradas nos pátios das delegacias especializadas e distritos de Curitiba, policiais civis fazendo piquetes, portas de entrada fechadas e com aviso da greve, corredores vazios. Ontem este foi o retrato dos distritos e delegacias percorridos pela reportagem da Folha.
Desde às 18 horas de anteontem, quando o anúncio oficial de greve já tinha tomado conta das delegacias e distritos da Capital, os investigadores e escrivães decidiram apenas cumprir o horário de plantão. Logo que eles saíam, não havia qualquer pessoa para fazer a substituição. Os delegados tiveram que improvisar e colocaram os chamados estagiários policiais aprovados no concurso público e que ainda passaram pela Escola de Polícia para fazer boletins de ocorrência e atender os telefonemas.
Na Delegacia de Furtos e Roubos, no bairro do Cajuru, foi mantido o chamado atendimento essencial, com um serviço de plantão composto por quatro policiais civis. Segundo o delegado titular, Hamilton da Paz, as intimações e atendimentos de ocorrências externas foram suspensos durante a greve. A decisão de manter um plantão foi tomada por causa dos 90 presos. Não podemos abandonar os presos, salientou. A greve é fundamental para conseguirmos nossos direitos. Mas sabemos que a população está sendo prejudicada, declarou Mário Chagas, superintendente da delegacia.
Na Delegacia de Estelionato, nenhum tipo de ocorrência estava sendo atendida. Por telefone, os estagiários alertavam a população que o atendimento deveria voltar ao normal na segunda-feira. Temos a sorte de não estarmos guardando presos, disse Hélcio Piassetta, superintendente.
No Centro de Triagem, onde 127 presos estão abrigados em celas com capacidade para 60 internos, o clima era de tensão. Policiais civis faziam piquetes do lado de fora para evitar a circulação de viaturas. As bombas de gasolina que ficam no pátio da delegacia foram lacradas. O delegado Miguel Stadler, titular do Centro de Triagem, disse que foram canceladas sete audiências de presos ontem por causa da greve.
Na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, na Vila Isabel, onde estão abrigados 49 presos, tudo estava parado. Apenas era registrado o alerta (placa do carro furtado). A adesão da greve era de 100%.
No 9º Distrito Policial de Curitiba, no Santa Quitéria, onde estão abrigadas 37 presas, todas as portas de entrada estavam fechadas. O plantão não estava atendendo nem mesmo para o registro de boletins de ocorrência. Mas segundo o delegado Roberto Heusi de Almeida Júnior, a intenção era começar a atender a partir do início da tarde, com uso do trabalho dos estagiários. Não dá para fazer serviço de rua, nem que eu queira, desabafou ele.