Os objetivos do evento é marcar presença na sociedade, ampliar a visibilidade às causas da comunidade LGBTQI+ e combater a violência, preconceito e discriminação
Os objetivos do evento é marcar presença na sociedade, ampliar a visibilidade às causas da comunidade LGBTQI+ e combater a violência, preconceito e discriminação | Foto: Reprodução

Com quatro anos de história, a Parada LGBTI+ de Londrina ganhou um novo formato na edição deste ano. Devido à pandemia de Covid-19, a Mostra de Cultura LGBTI+ foi adaptado para seguir todos os protocolos de prevenção e combate ao vírus e teve transmissão ao vivo pelo canal oficial do Coletivo Movimento Construção no YouTube na tarde deste domingo (17). O evento já tradicional na cidade contou com o patrocínio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura).

A programação com conteúdos diversos, artistas e apresentações ao vivo direto do estúdio agradou ao público que pôde acompanhar e interagir através de comentários no chat. Os expectadores elogiaram as performances, a organização e ainda relembraram momentos das edições anteriores. Dança, música, teatro, artes visuais e literatura marcaram a edição de 2021. A curadoria dos artistas foi realizada por profissionais do segmento artístico e cultural.

Os objetivos do evento é marcar presença na sociedade, ampliar a visibilidade às causas da comunidade LGBTQI+ e combater a violência, preconceito e discriminação
Os objetivos do evento é marcar presença na sociedade, ampliar a visibilidade às causas da comunidade LGBTQI+ e combater a violência, preconceito e discriminação | Foto: Reprodução

Para Alan Cezar, que performa a drag queen Morgana Moon, destaque nas Paradas LGBTI+ de Londrina, o evento tem uma importância muito grande para os artistas LGBTI+ da cidade, pois é uma oportunidade de reunir em um mesmo local diferentes show e performances. Ele ainda afirma que a cidade não é um espaço seguro para a comunidade e que isso se tornou mais evidente com o cenário político dos últimos anos. “A Parada vem como conforto aos jovens que estão se descobrindo em meio a esse caos, além de servir como conscientização a toda população londrinense, que em maioria, recebeu com respeito as outras Paradas”. Alan, começou a se montar aos 15 anos. Aos nove teve seu primeiro contato com palco e figurinos através do balé. “Fui criado no interior e não tinha nenhuma referência LGBTI+. Quando fui me descobrindo, comecei a pesquisar na internet, foi quando encontrei a arte drag”, relembra.

Cerimônia de abertura contou com a presença do prefeito Marcelo Belinati (PP), que ressaltou a relevância do evento para a cultura da cidade
Cerimônia de abertura contou com a presença do prefeito Marcelo Belinati (PP), que ressaltou a relevância do evento para a cultura da cidade | Foto: Reprodução

Cantor londrinense, Lucas Roberto se apresentou pela primeira vez na Parada na edição deste ano. “Para mim é uma grande honra. Me sinto escolhido para ser a voz daqueles que, assim como eu, também não tiveram muitas referências para conseguir se reconhecer através das pessoas que compartilham da mesma realidade e passam pelas mesmas coisas na vida”, afirmou. O artista ainda reforçou a necessidade de espaços onde todos os tipos de expressividades possam ser celebrados. “Todos merecemos espaço e reconhecimento pelo que somos”, enfatizou.

‘NÃO’ AO PRECONCEITO

Marcar presença e ampliar a visibilidade às causas da comunidade foram alguns dos objetivos do evento de acordo com a integrante do Coletivo Movimento Construção, Poliana Santos. “É importante a realização de eventos que apresentem perspectivas que combatam a violência, preconceito e discriminação”, ressaltou. “Londrina é uma cidade de paradoxos. Tem uma história de protagonismo em muitas questões progressistas, como o fato de ser uma das cidades pioneiras na política pública de combate à violência as mulheres. E, nos últimos anos, a visibilidade tem sido muito grande aos setores mais conservadores da população, o que não representa a pluralidade de pessoas que habita essa cidade”, enfatizou.

A cerimônia de abertura teve com a presença do prefeito Marcelo Belinati (PP), que aproveitou a oportunidade para lembrar do projeto de lei 76/2021, que criaria o Conselho Municipal dos Direitos LGBT e foi barrado na Câmara de Vereadores. “A gente apenas queria criar um espaço de participação popular para dar voz a essa pluralidade do nosso município, para que tivesse respeito à diversidade, para que pudesse criar políticas públicas principalmente no sentido de coibir preconceito, discriminação, violência física ou psicológica. E, infelizmente, o Brasil vive um momento muito delicado, parece que tem que gente que gosta de disseminar só o ódio e eu nunca vi isso na minha vida: disseminaram um monte de mentiras, um monte de fake news”, lamentou.

Para 2022, Poliana garante que a expectativa é levar a Parada de volta para a rua, “ter nossos corpos novamente nas ruas evidenciando o amor, a alegria e a busca por uma sociedade mais justa e de equidade de direitos”.

EDIÇÕES ANTERIORES

Com o objetivo de promover eventos e debates que impactassem as vidas de pessoas LGBTI+ de Londrina e região, a Parada teve a sua primeira edição organizada em 2017 pelo Coletivo Movimento Construção. De acordo com a assessoria do Coletivo, o evento reuniu um público estimado de cinco mil participantes sob a temática “LGBTfobia. Que nosso amor seja maior que teu medo de amar”.

No ano seguinte, nove mil pessoas acompanharam as apresentações culturais e o cortejo pelas ruas de Londrina. Com o tema “Temos família e seremos Família” a edição de 2018 contou também com uma semana (anterior à Parada) de mesas e discussões sobre preconceito (dentro e fora do meio LGBTI+), saúde, educação, identidade, política e direitos LGBTIs.

Em sua última edição, realizada em 2019, a Parada LGBTI+ reuniu um público de mais dez mil pessoas no anfiteatro Luigi Borghesi (Zerão). Foram quase nove horas ininterruptas de evento, com 20 atrações distribuídas entre o percurso pelas ruas da cidade e o palco montado no Zerão. Sob o tema “CIDADANIA: Por equidade de direitos e respeito às diversidades”, os participantes celebraram a cultura e arte LGBTI+.

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