"O risco é fazer um condomínio muito afastado da cidade e segregar essa população. A integração entre gerações é muito importante. Isso, historicamente, é enriquecedor". Ao analisar a proposta de condomínios específicos para a população idosa, a geriatra em Londrina Lindsey Mitie Nakakogue destaca a importância de oferecer toda infraestrutura de serviços e transporte no entorno desses locais.

"A ideia é boa, mas não é a solução de todos os problemas. Falta muita política pública ainda, desde melhorar a acessibilidade nas regiões mais povoadas até oferecer moradia a essa população nesse modelo, mas no bairro onde eles já vivem, para que não saiam do ambiente em que já se encontram", aponta a especialista, reforçando a necessidade do poder público pensar também em outras formas de ajudar o idoso a continuar independente.

Nakakogue lembra que ter idosos mais independentes significa menos internações e menos doenças, o que percute em menos gastos públicos e melhor qualidade de vida. "O envelhecimento em si leva a gente a perder várias coisas: emprego, companhia dos filhos, familiares e amigos, além do aparecimento de doenças crônicas, uso de medicações, limitações físicas, entre outros. Então, as pessoas também devem pensar nisso anos antes para se prepararem", diz.

Ela cita, por exemplo, que "fazer uma poupança de músculos e condicionamento físico garante independência física e, consequentemente, uma boa memória. Se o idoso não estiver preparado fisicamente e psicologicamente para as mudanças que vão acontecer, ele pode ter uma depressão."

Além disso, o recado da especialista aos idosos é evitar o isolamento social. "Eles não devem ficar só em casa. Devem participar de atividades em grupo e comparecer aos eventos familiares. São formas de transmitirem seu conhecimento, contarem suas histórias. Tudo que seja desafiador em termos de aprendizado é bom para a memória. Não é porque se é idoso que não consegue mais aprender as coisas." (M.O.)