Famílias estão programando manifestação em frente à secretaria de Educação
Famílias estão programando manifestação em frente à secretaria de Educação | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Uma medida determinada pela secretaria de Educação de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) desagradou diversos pais e responsáveis com filhos matriculados em escolas do ensino fundamental da cidade. O intervalo de 15 minutos das crianças foi retirado durante o período de aula nas instituições de tempo integral.

Com isso, os estudantes lancham no início do dia, quando chegam à unidade, e depois voltam a se alimentar na hora do almoço. De acordo com texto divulgado pela prefeitura do município, a orientação, que entrou em vigor nesta segunda-feira (17), é opcional nas instituições com período de ensino parcial.

Com dois filhos, de seis e sete anos, matriculados na escola municipal Vera Lúcia Casagrande, no conjunto Alves Pereira, Thais Aparecida Nazareth Benatti vê a nova regra com apreensão. Na sua avaliação, a rotina, que já é adotada em CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil), não poderia ser aplicada no fundamental, pois, as idades dos alunos são diferentes, assim como a estrutura educacional.

“Não se compara uma escola com CMEI. No centro de educação é mais lúdico, tem hora do sono. Na escola é mais ‘puxado’, tem nota. O recreio promove a socialização, eles brincam, aprendem a dividir o lanche. Além disso, a preocupação também é com os professores, que ficarão esgotados”, destacou a empresária, que é mãe de três filhos. “Do café da manhã até o almoço é um tempo longo sem se alimentarem”, constatou.

AVISO PRÉVIO

Outra reclamação é em relação a falta de aviso ou debate sobre o tema. Os pais afirmam que ficaram sabendo da medida pelos próprios filhos e por uma publicação da prefeitura em sua página oficial no Facebook na manhã de sábado (15). Na postagem, alguns pais se mostraram favoráveis à mudança, porém, a maioria demonstrou contrariedade.

Segundo a dona de casa Jéssica Marques Miranda, o temor é que o desempenho das crianças em sala seja prejudicado. “No ano passado meu filho teve dificuldades na aprendizagem, estava melhorando neste ano, porém, veio essa decisão sem aviso. Ele chegou da escola nesta segunda falando que estava cansado e que não conseguiu fazer as atividades”, relatou. O garoto estuda na escola municipal Maria Inêz Rodrigues de Mello, cujo ensino é parcial.

PROTESTO

As famílias estão se mobilizando por meio de aplicativo de mensagens e indo nas unidades para conversarem com a direção. Um ato está sendo programado para acontecer em frente a secretaria de Educação de Ibiporã nesta semana. A intenção é falar com a responsável pela pasta, Maria Margareth Rodrigues Coloniezi. “Estamos nos reunindo com alguns vereadores e vamos documentar tudo para levar”, ressaltou Estefani Mori.

A dona de casa tem um filho de nove anos com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e que estuda na escola Alice Roma Botti Schmitt, no jardim San Rafael. “O autista, quando sai da rotina, gera uma crise. Têm unidades com crianças com hiperatividade, depressão”, elencou.

PROFESSOR

Uma professora da rede municipal, que preferiu não ser identificada, disse que os docentes se sentiram lesados com a determinação. "Somente quem conhece o interior de uma sala de aula com 36 alunos e sem ventilador sabe o valor dos 15 minutos de 'recreio." Os professores agora são responsáveis por acompanhar os alunos e não mais o inspetor.

OUTRO LADO

A reportagem tentou contato com a secretária de Educação, via assessoria de imprensa, no entanto, não obteve resposta até o fechamento da matéria. Num longo texto divulgado no Facebook, no fim de semana, a prefeitura sustentou que a recreação dos alunos está garantida nas atividades educacionais, que os professores estão tendo a oportunidade de orientar as crianças e que em caso de necessidade, elas têm assegurado o direito de tomar água e ir ao banheiro.

Atualizada às 18h01