Um grupo formado por pais e moradores da zona sul de Londrina se juntaram para mostrar descontentamento com a decisão do município de fechar a escola municipal rural Machado de Assis, na Usina Três Bocas. Nesta segunda-feira (22), os envolvidos promoveram uma manifestação em frente à unidade, que fica às margens da Rodovia João Alves da Rocha Loures, para pedir que a prefeitura volte atrás na posição.

A escola completou 73 anos de história e atende 133 crianças do P4, P5 e ensino fundamental. São meninos e meninas de diversas localidades, como Fazenda Nata, Recanto da Nata, Cambezinho, Água de Pirá, União da Vitória, além da própria Três Bocas. “Nós queremos que as crianças continuem recebendo o ensino rural, uma educação ligada ao campo. Temos muitos filhos de produtores rurais”, criticou a vendedora Maria Marli de Oliveira, que tem um filho de nove anos matriculado na escola.

As famílias relataram que foram chamadas via redes sociais para comparecer à escola, ficando sabendo sobre o fechamento e a necessidade de matricular os filhos em outro lugar há aproximadamente dois meses. Entre as opções oferecidas estão a escola do distrito de Maravilha, que fica a cerca de 15 quilômetros de distância do atual espaço, e a unidade Buriti, que está sendo construída como contrapartida por uma loteadora perto da unidade dois da PEL (Penitenciária Estadual de Londrina), e fica a dois quilômetros do prédio que as crianças frequentam hoje.

“É muito complicado. Minha filha já sai de casa por volta das 6h45 para chegar na escola 7h50. É praticamente uma hora de ônibus. Mudando de lugar vai ficar mais longe e difícil para as famílias. Tem mãe com filho pequeno e só com um carro em casa e que o marido precisa para trabalhar ou nem isso. Como vamos fazer para ir buscar, por exemplo, se acontecer alguma coisa, passar mal?”, questionou a diarista Rosana Rodrigues Bastos.

Outra desaprovação é em relação a forma como o assunto teria sido conduzido pelo município, sem debate. “Tiveram muitas informações ocultas. Chamaram para tratar sobre matrícula, muitos pais não vieram e na verdade a reunião foi para falar da saída da escola. Tínhamos um grupo WhatsApp da escola aberto e foi fechado pela direção depois que passamos a nos organizar”, contou Bastos. “Minha filha estuda aqui há três anos e o ensino é muito bom, ela gosta, se desenvolve bem”, acrescentou.

PATRIMÔNIO

Professora na escola rural Machado de Assis por 44 anos, Sonia Maria da Silva disse que o fechamento da unidade é uma perda que vai além da educacional para a comunidade. “Nasci na Usina Três Bocas. Já vinha ouvindo que era um desejo antigo fechar e reconhecemos que não tem estrutura necessária, com sala de professores, quadra, biblioteca, mas isso é problema das autoridades e não da comunidade. É parte do nosso patrimônio. Daqui saíram professores, engenheiros, aeromoças. A escola faz parte da nossa vida”, sustentou a docente, que se aposentou em agosto.

Os pais afirmaram que existe um terreno na região da escola municipal rural Machado de Assis que pertence à prefeitura e que poderia receber um novo prédio, substituindo o antigo e mantendo a unidade na comunidade. “Tem terreno de cinco mil metros quadrados que está vazio. Temos três gerações que passaram por essa escola e isso precisa continuar”, frisou Maria Marli de Oliveira.

O QUE DIZ A PREFEITURA

A secretária municipal de Educação defendeu a medida e comentou que as crianças vão encerrar o ano letivo de 2021 no prédio atual, começando no novo local em fevereiro do ano que vem. A previsão é de que a estrutura seja entregue em dezembro pela loteadora. A responsável pela pasta ainda apontou que os alunos da Machado de Assis já usam o transporte escolar e que o serviço será mantido.

“Já sabemos que as os alunos vão para a escola que funciona na Usina Três Bocas de ônibus e levam de 10 a 12 minutos. No jardim Buriti deverá ter acréscimo de cinco a oito minutos dentro do transporte. Elas estarão em um prédio adequado, com biblioteca, salas amplas e que irá atender as crianças do jardim Buriti, que hoje são transportadas para outras escolas, e as crianças do Machado de Assis”, sustentou Maria Tereza Paschoal de Moraes.

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