Um grupo de pais e estudantes fez um protesto na manhã desta segunda-feira (3) em frente ao colégio estadual padre Wistremundo Roberto Perez Garcia, no Parque Ouro Verde, zona norte de Londrina. Eles denunciam supostos casos de assédio e importunação sexual envolvendo dois professores – de educação física e geografia - da instituição contra alunas. Com cartazes e palavras de ordem, pediram punição para os docentes e respeito no ambiente escolar.

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Uma estudante, hoje com 13 anos, relatou que teria sido abordado pelo professor de educação física no ano passado, perto da diretoria. Na época, ela tinha 12 anos. “Estava com algumas amigas subindo para a sala de aula. Elas foram buscar outras amigas e foi no momento em que estava sozinha que ele me abraçou a força, apalpou meus seios e falou que a calça jeans que usava era para usar em shopping, enquanto passava a mão nas minhas pernas”, relatou. “Fiquei desesperada. Senti raiva e tristeza.”

Outra adolescente, de 16 anos, afirmou que também foi assediada pelo mesmo servidor. No caso dela, o crime teria acontecido durante e depois da aula de educação física. “Estávamos na quadra e durante a atividade acabei caindo. Ele questionou se o airbag tinha funcionado. Depois ele ainda me perguntou se sabia o que era airbag”, destacou, citando que o docente comparou o acessório de segurança de veículos às nádegas. “Ele disse que era para ir sem sutiã para as aulas”, acrescentou.

O mesmo teria sido vivenciado por outra aluna, de 11 anos, em 2022. “Foram duas situações. A primeira vez ele falou que não era para minha filha ir de sutiã e nem top e que era para usar calça legging”, narrou a mãe da estudante, que estava na sexta série do ensino fundamental. “Na segunda vez ele agarrou minha filha por trás e quando ela se virou o professor disse que era para ela ficar em silêncio”, indignou-se.

A família da garota só ficou sabendo dos episódios neste ano. “Minha filha não queria ir mais para a escola. Ela começou a fazer (associação) Guarda Mirim e foi durante uma conversa com a assistente social que contou. A assistente me chamou e expôs o que ela disse. Fiz a denúncia no NRE (Núcleo de Regional de Educação) de Londrina e minha filha conseguiu medida protetiva”, comentou. A mãe ainda frisou que a medida não teria sido respeitada. “Temos relatos que o professor de geografia via vídeos pornográficos em sala.”

INVESTIGAÇÃO

Por meio de nota, a Seed (Secretaria de Estado da Educação) informou que os dois professores foram afastados do colégio por determinação judicial e que um procedimento administrativo foi aberto para apurar a conduta dos funcionários públicos. “A medida foi executada após denúncia realizada pela família de uma aluna da instituição, feita via Boletim de Ocorrência junto às autoridades policias do município, no mês de fevereiro. A Seed reforça que cooperará plenamente com as investigações conduzidas pelas autoridades para que os fatos sejam devidamente apurados e as medidas legais cabíveis sejam adotadas”, pontuou.

A Polícia Civil abriu um inquérito e já começou a ouvir vítimas e testemunhas. As famílias têm mostrado perplexidade com a conduta dos docentes e cobram celeridade no desfecho da investigação criminal e administrativa. “Queremos uma escola pública com ensino de qualidade e respeito. Muitas mulheres que passam por isso não têm coragem de denunciar, por isso, estamos mobilizados. Não queremos que fique impune. Já apareceu uma jovem que afirma que ter passado pelas mesmas situações há 15 anos”, declarou o pai de uma aluna.

‘QUEREMOS JUSTIÇA’

Desde que a história veio à tona nas redes sociais e imprensa, cerca de 15 meninas já teriam comunicado os crimes sexuais que seriam praticados pelos professores. “Na época não contei porque fiquei com medo de me taxarem como mentirosa. Mas agora vi que mais alunas foram vítimas. Espero que eles sejam afastados dos cargos de vez”, reivindicou uma estudante.

Os pais criticaram a suposta omissão da direção do colégio durante e após as denúncias. “Ensinei para a minha filha que deve obedecer e respeitar os funcionários da escola e nos deparamos com uma situação dessa. Queremos justiça, pela minha filha e as outras alunas”, pleiteou a mãe de uma vítima.

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