“Desejo a todos a saúde do corpo e da alma”. A mensagem é do padre Pedro Ramos de Faria, 68, vigário da paróquia Santo Antônio, de Cambé (Região Metropolitana de Londrina). Curado da Covid-19, o sacerdote conviveu e viu o quanto é importante estar bem e com saúde. “Jesus disse ‘eu venci’. Nós também podemos vencer muitas batalhas”, indica, em referência ao coronavírus.

Padre Pedro de Faria:  “Que peçamos a Deus pelas pessoas que estão trabalhando, às famílias com doentes, os infectados, aqueles que estão sofrendo, morrendo"
Padre Pedro de Faria: “Que peçamos a Deus pelas pessoas que estão trabalhando, às famílias com doentes, os infectados, aqueles que estão sofrendo, morrendo" | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Os sintomas começaram a aparecer no fim de semana da Páscoa, na segunda quinzena de abril. O principal sinal era febre, sempre acima dos 38 graus. “Era uma febre que não passava. Fui ao hospital no domingo à noite, fizeram a tomografia e pediram para ficar internado”, conta. Os exames apontaram algumas manchas no pulmão. Foi internado em um quarto isolado e na manhã seguinte fez o teste para a Covid-19, cujo resultado foi positivo.

Mesmo sem sentir falta de ar, padre Pedro Faria precisou de suporte de oxigênio, por cateter nasal, já que o nível de saturação estava abaixo de 90%. “Foram dez dias internados, passei por várias baterias de exames e tomografias neste período”, lembra, acrescentando que no processo de internamento foi essencial a força espiritual e a calma. “Quando colocavam o oxigênio ficava com aquela agitação, com receio do dia de amanhã, mas via que tinha que ficar calmo. Não pode desesperar.”

ORAÇÕES

Natural da zona rural de Londrina, com a família pioneira do distrito de Paiquerê (zona sul), o sacerdote trabalhou na cidade, ficou na Bahia por 16 anos, passou por São Paulo, Arapongas e há um ano e meio está em Cambé. Durante o tempo que permaneceu no hospital, uma “corrente de oração” se formou com amigos e fiéis dos locais por onde já esteve. Mesmo sem ver toda a comoção, o padre disse que conseguia sentir as energias positivas que eram enviadas.

“Recebi mensagens de pessoas com as quais não falava há muito tempo, gente da Bahia, pessoal de São Paulo. Todos buscando informações para saberem como estava. Mandavam mensagens, estavam em oração. Isso passou uma força grande, que se juntou à força que precisamos ter”, ressalta. No Hospital São Francisco, em Cambé, se uniu à corrente e rezou. “No dia do internamento estava sem o rosário e o primeiro pedido foi para trazerem. Ficava rezando”, relata.

FAMÍLIA

Após sair da instituição de saúde para continuar o período de recuperação em isolamento domiciliar, teve o amparo da família. “Minha família pediu autorização para o padre Cristiano (de Jesus, pároco da paróquia Santo Antônio) e ele liberou para que eles ajudassem. Tenho enfermeiros na família, uma irmã ficou junto no isolamento, mas sem contato, outra familiar trazia comida.”

Completando quase dez dias desde que foi liberado do isolamento, padre Pedro de Faria está priorizando ficar em casa, no silêncio e mantendo a rotina de oração. Sem ter saído de Cambé nos últimos meses, a suspeita é de que tenha adquirido o vírus por meio da transmissão comunitária. O sacerdote foi o sétimo caso confirmado de coronavírus no município da Região Metropolitana de Londrina.

PENSAMENTO POSITIVO

Grato à equipe de enfermagem e médica do Hospital São Francisco, ele deseja que todos tenham o mesmo tratamento que conseguiu e ressalta a necessidade do pensamento positivo. “Que peçamos a Deus pelas pessoas que estão trabalhando, às famílias com doentes, os infectados, aqueles que estão sofrendo, morrendo. É difícil, pois, é uma doença. Mas que tenhamos confiança e fé e não nos apavoremos e sempre nos cuidando”, frisou.