A Seed-PR (Secretaria de Educação do Paraná) destaca, neste mês de outubro, as iniciativas desenvolvidas na comunidade escolar, voltados à sustentabilidade. Um exemplo está em ação no Colégio Estadual Conselheiro Carrão, em Assaí (Região Metropolitana de Londrina), onde alunas desenvolvem um projeto que transforma óleo de cozinha em biocombustível.

Tudo começou quando a diretora Leda Koguishi inscreveu alunos num hackathon (competição de inovação) com foco em tecnologia, na qual precisavam resolver problemas reais do município, com base nos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas), há pouco mais de um ano.

Idealizada pelas estudantes Eduarda Pietra, Fabiane Hikari, Letícia Ayuimi, Eduarda Miura e Luiza Alves, dos 2° e 3° anos do ensino médio, a startup júnior BIOSUN surgiu apoiando-se nos ODS de cidade sustentável e educação de qualidade. A partir dessa combinação, a equipe concebeu a ideia de reutilizar óleo de cozinha descartado e convertê-lo em biodiesel de alta qualidade – normalmente a destinação mais comum é para fazer sabão.

“Passamos por algumas mentorias aqui na cidade, ofertadas pelo hackathon da prefeitura e resolvemos trabalhar com o problema do descarte irregular do óleo. A forma de reciclagem mais utilizada é a produção de sabão, mas com algumas pesquisas encontramos uma outra forma de reciclar, dentro da escola mesmo. Depois de conversar com nosso professor mentor, conseguimos chegar na ideia desse biocombustível”, diz Pietra.

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As alunas contaram com a mentoria do professor Matheus Souza, dos componentes de Física e Química do colégio, e com o apoio da UFPR (Universidade Federal do Paraná) de Jandaia do Sul, que cedeu o laboratório para que o combustível pudesse ser produzido em maior escala. O trabalho rendeu à equipe o primeiro lugar na fase final da competição.

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. | Foto: Arquivo Pessoal - AEN

NO DESFILE

Parecia o auge, mas após essa conquista viria outra ainda maior. No tradicional desfile de aniversário do município, que aconteceu no dia 1° de maio, as estudantes tiveram a oportunidade de ver seu projeto ganhar vida e atingir, pela primeira vez, o propósito idealizado por elas: o biodiesel feito a partir de óleo descartado foi utilizado para abastecer um dos ônibus escolares da prefeitura, que além de circular pelo desfile, funcionou durante uma semana inteira com o biocombustível.

“Foi gratificante ver que conseguimos produzir algo tão grandioso e funcional. Nossas expectativas foram cumpridas e a vivência laboratorial durante o processo me deixou muito feliz”, afirma Pietra.

USINA DENTRO DA ESCOLA

A expectativa, agora, é que o projeto cresça ainda mais. A equipe conseguiu uma parceria para a construção de uma pequena usina de combustível dentro da escola, que funciona em tempo integral, o que permitirá que todo refino e produção desse biodiesel seja realizado dentro do próprio espaço escolar. “A ideia é que o biodiesel seja fornecido para as linhas de ônibus escolares do município. Dessa forma, o estudante virá para o colégio com o ônibus abastecido pelo próprio colégio”, explica o professor Matheus.

Projetos como esse inspiram e comprovam a importância de uma educação de qualidade aliada ao incentivo à criatividade dos estudantes, segundo a diretora Leda Koguishi. “Elas não só participaram de uma competição, mas aproveitaram a oportunidade para fazer algo que vá impactar a sociedade diretamente. Colocaram em prática uma ideia que poderia muito bem ter ficado só no papel, mas foram além”, afirma. (Com informações da Agência Estadual de Notícias)