Muita gente já ouviu falar da importância de reciclar o lixo doméstico. Sabe-se que essa prática, entre outras vantagens, diminui a necessidade de recorrer continuamente aos recursos naturais do planeta, adiando ao máximo o risco de esgotá-los. Por outro lado, há muitas pessoas que sobrevivem dessa atividade, a de catadores de lixo, e que, organizadas em associações e contando com a colaboração da comunidade, podem passar a viver dela, com um rendimento maior e mais dignidade.
Desde abril de 2001, a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) procura organizar esse setor, estimulando a associação dos cerca de 800 catadores de ruas de Londrina em Organizações Não Governamentais (ONGs), para trabalhar com reciclagem de lixo. De acordo com o coordenador de coletas da CMTU, José Paulo da Silva, hoje são 27 ONGs, reunindo quase 350 pessoas.
''O que antes era feito de forma autônoma transformou-se em um trabalho centralizado, que rende mais para todos os envolvidos'', ressalta José Carlos. A expectativa é de que o rendimento advindo da coleta, separação e comercialização do lixo reciclável possa dobrar, a partir do trabalho em cooperativa.
No início do programa, o lixo reciclável representava não mais do que 1% do que é recolhido diariamente na cidade, em torno de 350 toneladas. Hoje, a fatia ecológica do lixo ampliou-se para 15%. Com divulgação porta a porta, os integrantes das ONGs, devidamente cadastrados pela prefeitura, portando crachás de identificação e coletes de ''profissionais da reciclagem'', fazem uma visita preliminar aos moradores de cada bairro.
Eles levam um panfleto, produzido pela CMTU, com orientações gerais sobre o processo de separação de lixo e um saco plástico, na cor verde, marcando o dia uma ou duas vezes por semana para o recolhimento. ''Já conseguimos atingir 85% do município com o sistema'', afirma José Carlos. ''Ou cerca de 450 a 500 bairros de um total de 600.''
A previsão da CMTU é chegar aos 100% em mais um mês de vigência do sistema. Mas ainda é grande a desinformação da comunidade em relação à separação do material a ser reciclado. É o caso, por exemplo, do edifício Monte Carlo, região central, com 60 apartamentos. ''Tentei divulgar a idéia há um ano'', explica a síndica Irene Punhagui. ''Mas houve muita resistência, porque as pessoas não querem ter o trabalho de separar o lixo.'' No Solar Montreaux, também no centro, com 26 apartamentos, a dificuldade é parecida. Como informa a síndica Vanda Mendes Pierotti, o sistema foi implantado no ano passado, ''mas apenas 30% dos moradores cooperam, trazendo separado para a garagem o lixo reciclável.''
Segundo José Carlos, a CMTU ainda não divulgou o sistema na região central. Mas os moradores que querem participar da iniciativa contam com o caminhão da coleta seletiva, que passa duas vezes por semana pelo local. Há também cerca de 50 catadores ''autônomos'' em atividade na região, comenta, que ainda precisam ser sensibilizados para participar da cooperativa. ''Por enquanto, não queremos gerar conflito com eles.''