Dos 100 homens inicialmente contratados para construir a Cadeia Pública de Londrina, apenas 17 continuavam trabalhando ontem. A redução no número de operários foi a alternativa encontrada pela construtora responsável pela obra, a Siel Construções Civis Ltda, de Cascavel, diante da falta de repasse dos recursos pelo governo do Estado.
A situação foi constatada durante visita à construção, ontem pela manhã, dos membros do Conselho de Segurança de Londrina, do delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Wanderci Corral Fernandes, e do juiz da Vara de Execuções Penais, Roberto do Vale. Nenhuma das autoridades policiais tinha conhecimento da situação.
‘‘Viemos fazer uma visita de rotina. A Cadeia Pública é uma obra muito importante para a cidade e ao chegarmos aqui constatamos a redução no número de funcionários’’, reclamou o presidente do Conselho, Jorge Coimbra. Ele informou que entraria em contato com a Secretaria de Obras do Estado, ainda ontem, para saber o que está, de fato, acontecendo. ‘‘Londrina não pode ser tratada desta forma.’
Coimbra também criticou o fato do governo do Estado não informar a situação às autoridades competentes da cidade. ‘‘O governo dá muitas informações e desnecessárias, na época da eleição. Mas para sabermos o que realmente interessa, temos que deixar nossos afazeres para correr atrás das informações.’ Coimbra adiantou que o Conselho irá programar protestos caso a situação gere um atraso na entrega da obra, prevista para agosto do ano que vem.
O mestre-de-obra Antonio Cavalari informou que os funcionários vêm sendo dispensados aos poucos. Segundo ele, a idéia inicial era trabalhar com 130 homens para seguir corretamente o cronograma de obras. ‘‘Com 17 pessoas o que podemos fazer? Só podemos ficar namorando a obra, não é?’ Na previsão dele, a continuar neste ritmo, a Cadeia Pública de Londrina só ficaria pronta em quatro ou cinco anos.
Em entrevista por telefone à Folha, de Cascavel, o engenheiro responsável pela obra, Armando Hiroshi Nonose, informou que o governo não repassou nenhuma parcela à construtora - até agora deveria ter repassado cerca de R$ 150 mil.
Hiroshi comentou que a construtora não terá fôlego para manter os 17 homens na obra por muito tempo. ‘‘Se houver repasse imediato, podemos reforçar o canteiro de obras sem prejuízo ao cronograma pré-estabelecido’’, disse.
O engenheiro também informou que a construtora esperava trabalhar com 100 homens. Por enquanto, a construção está atrasado em quase um mês. A construtora já deveria estar executando as estruturas da carceragem e da administração, além da construção do muro. Mas a obra não saiu da fundação e baldrame (ligando a fundação à estrutura) de algumas alas. A obra está orçada em R$ 2,5 milhões para a construção de 3.600 metros quadrados de área construída.