O servidor que virou nome de ala de maternidade em Londrina
José Lopes de Souza trabalhou 22 anos na instituição municipal de saúde ; era conhecido pela dedicação e otimismo
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sexta-feira, 27 de novembro de 2020
José Lopes de Souza trabalhou 22 anos na instituição municipal de saúde ; era conhecido pela dedicação e otimismo
Vitor Ogawa - Grupo Folha
No dia 6 de novembro foi inaugurada a nova ala de atendimento da Maternidade Municipal Lucilla Balallai, na área central de Londrina. O novo espaço soma 992,58 m² à área do prédio original e recebeu o nome do servidor José Lopes de Souza, que dedicou 22 anos à maternidade. O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, relatou que ele foi um servidor exemplar e que amava a maternidade. "O pessoal conta que ele tinha uma organização fora do comum. A parte administrativa toda era ele quem coordenava: arquivos, prontuários, documentos, escala”, relata.
“Foi um gesto de carinho a quem realmente foi merecedor”, destaca a coordenadora de Enfermagem da maternidade, Regina Adário. Souza já era funcionário da Codel quando a maternidade começou a ser construída. “Ele acompanhou toda a construção, desde a fundação.”
“Além de conquistar a amizade e a confiança do prefeito nesta época, pela sua dedicação ao trabalho, ele era muito admirado por todos pelo seu espírito de liderança, otimismo. Estava sempre com um sorriso no rosto, conduzia os problemas com sabedoria e sempre era o primeiro a se prontificar em ajudar qualquer um que precisasse de algo, independente da categoria do trabalhador”, descreve Adário.
Segundo ela, Souza se aposentou compulsoriamente em setembro de 2014, porque atingiu 70 anos. “Ele tinha a preocupação de que as pessoas que trabalhassem lá fizessem suas tarefas de forma correta. Penso que esta organização tenha sido para manter o controle das coisas corretamente”, declara.
A coordenadora conta ainda que ele era uma pessoa simples. “Ele era muito discreto. Seus netos nasceram na maternidade, sentia-se orgulhoso e dizia não ter lugar melhor para terem nascido, uma vez que estava na sua segunda família”, declara. “Lá nasceram a Mariara, a Giulia, o Felipe, a Heloísa, a Eloah e o Nathan, que é o bisneto”, acrescenta Eliane de Souza, a filha cacula de Lopes.
Zé Lopes, como era conhecido, teve quatro filhos e tinha mais três enteados. A filha caçula relata que o pai nasceu em Berilo (MG) e se mudou ainda criança para Inajá (Noroeste do Paraná). "Foi nessa cidade que se casou com a minha mãe, mas o casamento não deu certo e há 30 anos ele começou a viver com a minha madrasta”, relata. "Depois ele se mudou para Londrina, foi para Paranavaí (Noroeste) e logo retornou para Londrina, trabalhando como autônomo. Chegamos a Londrina há 40 anos”, acrescenta.
CHEFINHO
Posteriormente, foi contratado para trabalhar na Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina) como motorista e logo assumiu um cargo administrativo. “Ele foi funcionário da maternidade antes mesmo de ficar pronta. Quando começaram a construir a maternidade, ele começou a acompanhar as obras. Depois da inauguração, foi nomeado diretor administrativo e até a aposentadoria continuou trabalhando por lá”, observa a filha.
“Todos que conviveram com ele só dizem elogios e tinham carinho por ele. Quando eu ia à maternidade o que sempre ouvi era que os funcionários chamavam ele de ‘seu’ José ou chefinho. Mesmo depois de aposentado, as pessoas publicavam mensagens no Facebook dele como ‘você foi e sempre será o nosso chefe’. Ele era uma pessoa muito tranquila e amorosa”, afirma a filha.
Lopes sempre foi muito ativo e prezou pela educação. Tanto que se formou em administração em 2013, aos 67 anos de idade. A filha relata que sempre tentou passar isso a seus filhos. Por causa da pandemia, ele lamentava não poder frequentar a Igreja Metodista, onde participava do coral. Posteriormente descobriram que ele estava com tumor maligno no estômago. “Ele passou por uma cirurgia, que foi um sucesso, mas ele já estava com pneumonia e o quadro foi se agravando. Não resistiu e acabou morrendo três meses atrás”, lamenta.
Para Eliane, a imagem que fica do pai foi do dia do seu casamento. “Fui a primeira filha a casar na igreja e, por ser caçula, havia uma coisa de 'grude' com o meu pai. Quando entrou na igreja comigo foi um momento muito especial. Eu me derrubei em lágrimas e ele sempre foi muito sentimental, mas vi que tentava segurar o choro”, relembra. “O legado dele é que ele sempre foi correto na vida, com uma personalidade tranquila e sorridente. Sempre foi cristão.”