“Passo pontualmente às 7 horas, faço a limpeza, trato, cuido da água, e pego os animais no colo um por um”, afirmou Rui Lisboa
“Passo pontualmente às 7 horas, faço a limpeza, trato, cuido da água, e pego os animais no colo um por um”, afirmou Rui Lisboa | Foto: Arquivo Pessoal

O engenheiro civil e corretor de imóveis Rui Martins Lisboa, de Ibaiti (Norte Pioneiro), mantém um canil em uma chácara de quatro alqueires, que foi construído por ele e é mantido com os próprios recursos para abrigar animais abandonados. Ele se dedica à causa animal e ao meio ambiente há décadas.

Natural de João Monlevade (MG), é casado desde 1975 com Ivone Santucci Lisboa. Em meados de 1985 ele foi presidente da então recém-fundada Amai (Associação do Meio Ambiente de Ibaiti), lutando para conservar o patrimônio natural do município, por meio de campanhas e eventos para conscientização da população. Foi nessa época que o Parque da Mina Velha, em Ibaiti, foi elevado à categoria de reserva ecológica, para fins de preservação permanente.

Em 1997, morando em Umuarama (Noroeste), foi secretário de Planejamento e Meio Ambiente. Foi naquele período que despertou para a causa animal. Depois de ver o trabalho de acolhimento de animais abandonados realizado solitariamente e de forma voluntária pela professora aposentada Iracema Prado Dumont, ele e a advogada Carmen Maria Castaldi ajudaram a estruturar a Saau (Sociedade de Amparo aos Animais de Umuarama). A ONG existe até hoje e tem um canil.

No fim da década de 1990 voltou para Ibaiti, onde exerceu diversos cargos públicos. E foi onde decidiu construir um canil, para desenvolver um trabalho semelhante ao da Saau, de Umuarama. “Recebo ajuda de algumas poucas pessoas que são solidárias à causa e preferem o anonimato. Muitos veterinários têm ajudado, cobrando meia consulta e muitas vezes nem cobram, todos atendem com amor e carinho, muitas vezes fazendo verdadeiros milagres salvando vidas. Uma loja me fornece ração muitas vezes fiado, aguardando pacientemente o dinheiro entrar”, detalhou, falando sobre a ajuda que recebe da comunidade.

De acordo com Lisboa, os animais que acolhe geralmente estão doentes e todos são bem cuidados. “No momento estão abrigados em torno de 12 cães, mas já foram 45”, contabilizou. “O pessoal da Vigilância inspecionou o canil, constatou que os animais estavam bem tratados, que o canil estava limpo, com abrigo de proteção e área telada para tomarem sol. Aqui tem alimentação farta, água disponível, limpeza e animais saudáveis.”, enalteceu.

Lisboa disse que todos os bichos recebem diariamente toda a sua atenção. “Passo pontualmente às 7 horas, faço a limpeza, trato, cuido da água, e pego os animais no colo um por um”, declarou.

Ele citou que a prefeitura adquiriu um castramóvel e fala da importância do serviço. “O castramóvel possui convênio com uma veterinária da cidade que tem castrado alguns animais. O volume de animais soltos nas ruas é um absurdo.”

REDUZIDO

Lisboa explica que reduziu o número de cães em seu canil porque vizinhos se sentem incomodados com os latidos. "Eles encaminharam à Câmara uma reclamação e os vereadores aprovaram o pedido para que a Vigilância Sanitária Municipal tomasse providências.”

A procuradora da Câmara de Ibaiti, Cristiane Vitório Gonçalves, explicou que como a Câmara não teria competência para analisar o caso, encaminhou o pedido à Vigilância. "Recebemos como resposta que o caso teria sido resolvido no dia 20 de junho de 2018 e que o local estava adequado e a partir disso a Câmara não interferiu mais. A única sugestão que a Câmara fez é que pelo fato de a propriedade possuir quatro alqueires, que o canil fosse construído em área mais afastada dentro da propriedade." O procurador do município, Juventino Antônio de Moura Santana, confirmou que o caso foi resolvido há dois anos.

Canil fica em área rural de Ibaiti, mas no limite com a área urbana.
Canil fica em área rural de Ibaiti, mas no limite com a área urbana. | Foto: Divulgação/Arquivo pessoal