Em pouco mais de sete décadas, Londrina se transformou em uma das cidades mais
relevantes do Sul do país, com mais de meio milhão de habitantes. Tamanha
maturidade se deve muito à fervorosa economia ''brotada'' dos pés de café, que
atraiu centenas de famílias imigrantes a partir da década de 30.
A estes pioneiros podemos atribuir um tipo de comércio, típico em cidades
pequenas, mas ainda presente na Região Central de Londrina: os bazares. Para
contar essa história, a FOLHA visitou três estabelecimentos de propriedade de
japoneses, que foram os grandes responsáveis pela abertura das primeiras lojas
comerciais conhecidas como ''Secos e Molhados''. Nestes armazéns, eram
comercializados de tudo, desde alimentos até ferragens.
Não demorou muito para que esse tipo de comércio se transformasse em bazares,
onde as donas de casa podiam encontrar aviamentos e miudezas em geral,
brinquedos e materiais escolares. Porém, com o passar dos anos houve uma nova
mudança. Hoje, com a multiplicação de lojas comercializando produtos importados
da China, muitos dos bazares foram obrigados a fechar as portas.
''O movimento já vinha caindo bastante, mas nunca deixei de ter meus clientes.
Agora, infelizmente não posso trabalhar sozinha, mas minha maior vontade é de
voltar para o balcão com meu marido'', conta Aparecida Sadato Arasaki, de 83 anos,
que só fechou as portas do Bazar Brasileira, na Vila Casoni, porque o marido
adoeceu. ''Meu sogro veio do Japão para trabalhar na lavoura de café e conseguiu
comprar alguns terrenos aqui no bairro. Foi então, que eu e meu marido abrimos o
negócio'', lembra.
Ao entrar no local, é possível encontrar muitos produtos que estão se empoeirando
nos balcões de madeira e que, aos poucos, são doados para algumas entidades
carentes. Entre cadernos, mochilas, objetos de decoração e aviamentos, estão os
brinquedos que durante 45 anos fizeram a alegria das crianças do bairro. Ainda
embalados, os pianos de madeira e quebra-cabeças são um convite saudoso à
década de 60.
Entre tantas lembranças de dona Aparecida também se mantém viva a poeira que
vinha da rua de terra vermelha. ''No começo eu ficava muito incomodada com a
quantidade de barro. Como a rua não era asfaltada, quando passava a boiada por
aqui levantava um monte de poeira e sujava tudo. Eu limpava o bazar o tempo
todo'', comenta.

Nos tempos dos bazares
Nos tempos dos bazares Nos tempos dos bazares