Não há provas de
danos à saúde,
dizem estudiosos
Especialistas em estudo de campos eletromagnéticos consultados pela Folha avaliam que não há provas científicas de que a exposição de pessoas a linhas de transmissão de energia elétrica possa provocar doenças ou algum dano à saúde.
‘‘Há estudos que associam essa exposição a leucemia (câncer no sangue), convulsões e alterações no comportamento emocional. Mas ainda não existe qualquer comprovação científica’’, diz o engenheiro eletrônico paulista Leonel Fernando Sant’Anna, 50 anos. Sant’Anna é chefe-executivo da Associação Brasileira de Compatibilidade Eletromagnética (Abricem), entidade criada há dez anos para estudar o assunto.
Segundo o engenheiro eletricista carioca Hamilton Moss de Souza, 42 anos, os estudos que associaram uma incidência maior de câncer em comunidades que vivem próximo às linhas de transmissão de energia, realizados nos anos 70 em países como Estados Unidos e Rússia, eram ‘‘estapafúrdios’’ e foram desmentidos posteriormente.
‘‘Eram trabalhos sem consistência estatística, que atribuíam à eletricidade casos de câncer de origem genética, por exemplo’’, afirma Souza, que integra o Centro de Pesquisa de Engenharia Elétrica (Cepel), da Eletrobras.
Para Souza, as dores de cabeça relatadas pelos moradores da Vila Rural de Foz do Iguaçu poderiam ser decorrentes da irritação provocada pelos ruídos dos fios. Ele diz também que os pequenos choques a que os moradores estão sujeitos nos dias de chuva não são prejudiciais à saúde. ‘‘Mas isso é muito desconfortável.’’
Em relação ao apodrecimento de vegetais, Souza afirma que isso pode, em tese, ser causado pela radiação eletromagnética. ‘‘É pouco provável, mas pode ser decorrência da exposição permanente à corrente elétrica.’’
De acordo com normas internacionais, o nível de campo magnético considerado seguro é de até 833 miligaus. No solo sob linhas de transmissão de energia elétrica, esse nível nunca ultrapassa 50 miligaus. É por isso que, quanto maior a carga transportada, mais altas são as torres de uma rede elétrica.
Há cerca de três meses, a Abricem enviou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – órgão que regula o setor – um conjunto de recomendações, com base em normas internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS), os limites para a exposição de pessoas à energia elétrica. A Aneel ainda não se posicionou sobre a questão. (V.D.)