Tem novidade no Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Londrina (MZUEL). Durante todos os primeiros sábados do mês, ele estará aberto para uma programação familiar, entre 9 e 12 horas. Pois neste sábado (7), não é que as famílias atenderam ao convite e escolheram fazer esse passeio? E em poucos instantes da abertura, já estavam prontas para as recomendações.

Estudantes dão explicações  sobre a biodiversidade e contam curiosidades sobre os bichos
Estudantes dão explicações sobre a biodiversidade e contam curiosidades sobre os bichos | Foto: Walkiria Vieira


A visita é acompanhada por professores e estudantes extensionistas, que oferecem informações sobre as peças expostas. Neste sábado estavam os alunos do curso de biologia Isabela Lagana Ohara, Guilherme Rodrigues e João Paulo de Oliveira Melo - sob supervisão do professor José Birindelli.

Museu de Zoologia da UEL: taxidermia como proposta educativa
Museu de Zoologia da UEL: taxidermia como proposta educativa | Foto: Walkiria Vieira

O Museu de Zoologia superou as expectativas do público presente. Tanto pela quantidade de animais, a organização, o cuidado e como a variedade é conservada por tanto tempo e permite que seja objeto de estudo e pesquisa como para conhecimento da comunidade em geral.

O estudante Luke Ekuni de Souza, quatro anos, prestigiou a visita guiada na companhia de seus pais, a docente de psicologia Roberta Ekuni e o cientista da computação Bruno Miguel Nogueira de Souza.

O que é, o que é?

Enquanto a família e demais presentes observam o esqueleto de uma cobra Phiton, mal sabiam que "sobrevoava" suas cabeças uma Sula leucogaster Bod., popularmente conhecida por atobá-pardo, mergulhão, alcatraz-pardo, ou freira. É assim no Museu de Zoologia da UEL: por todos os lados, do teto ao chão, os bichos estão soltos e os professores e alunos que desenvolvem pesquisas prontos para atender o público, que fica bastante motivado diante do acervo e das informações.

O Museu de Zoologia da UEL tem mais de 30 mil insetos para ver de perto
O Museu de Zoologia da UEL tem mais de 30 mil insetos para ver de perto | Foto: Walkiria Vieira

No caso da Python, ela está entre as maiores serpentes do mundo, podendo passar dos sete metros. Esta, em específico, foi parar no museu por conta do tráfico. Chegou ao Brasil ilegalmente, não recebeu o devido tratamento e sem resistir aos maus-tratos, acabou tendo sua vida abreviada.

Entre os tamanduás, o menor deles tem uma história curiosa: em razão do estresse provocado pela poluição sonora, sua mãe o abortou em um ato de defesa. Um pinguim taxidermizado também pode ser admirado pelo sua postura tanto divertida como desajeitada. A ema, que ali habita, com seu filhote e ovos, engana muitos. " A maioria pensa que é um avestruz", contam os estudantes. De forma a integrar os visitantes, os estudantes extensionistas promovem mais conhecimento de forma descontraída.

Pica-pau, peixe que dá choque e tubarões

O colorido do pica-pau rei destaca-se. Do penacho de presença ao bico que faz jus a sua alcunha, está ali para ser observado, fotografado e respeitado pelos homens. Sendo que muitos nunca viram ou ouviram um pica-pau em ação - voando, bicando ou picando o tronco das árvores, a não ser por meio da personagem de desenho animado.

Os tubarões são atrações imperdíveis e encantam as crianças
Os tubarões são atrações imperdíveis e encantam as crianças | Foto: Walkiria Vieira

Graças ao processo de taxidermia, os animais conservam uma aspecto de extrema qualidade e vivacidade que impressiona os visitantes. Entre as perguntas mais feitas pelo público está: "É de verdade?". Sim, é tudo de verdade. Por mais inacreditável que pareça.

Os animais taxidermizados do Museu de Zoologia formam um conjunto de aproximadamente 37 mil peças. São dezenas de mamíferos, aves, anfíbios, répteis, insetos, crustáceos e peixes podem ser vistos empalhados ou imersos em álcool 70°. O mais antigo data de 120 anos e tem também peixe que dá choque - electrophorus electricus, o popular poraquê, ou enguia.

A biotecnóloga Agnes Nagashima e Matheus Nagashima, cinco anos, e Luiza Gazzi
A biotecnóloga Agnes Nagashima e Matheus Nagashima, cinco anos, e Luiza Gazzi | Foto: Walkiria Vieira

Um público que gosta do assunto elevou o nível das visitas dado o interesse apresentado. Na ocasião, os estudantes Matheus Nagashima, cinco anos, e Luiza Gazzi, seis, puderam ter essa vivência e inclusive colocar as mãos e os olhos no tubarão-martelo, no tubarão de cabeça chata e na arraia. Na companhia da biotecnóloga Agnes Nagashima, observam, tocaram no que era possível, inclusive um cavalo-marinho e demonstraram - pela expressões, perguntas e comentários - muito interesse pelos animais silvestres, sanando curiosidades sobre de suas fisionomias, porte e formas físicas.

Visitantes de 11 meses a 86 anos

Neste segundo sábado de visitação, havia um café preparado pelo professor José Birindelli. Café preto, biscoitos doces, bolacha água e sal, bolo de vó e pitangas colhidas ali no campus mesmo. Visitantes de 11 meses a 86 anos marcaram presença.

Miriam Almeida e a família: "Prefiro programas assim a shopping"
Miriam Almeida e a família: "Prefiro programas assim a shopping" | Foto: Walkiria Vieira

Moradora próxima do campus universitário, Miriam Almeida levou o filho Guilherme, de 9 anos, o marido Nivaldo e a pequena Julia, de 11 anos, já no clima da família que gosta de uma programação que some lazer e conhecimento. "Prefiro programas assim a shopping", pensa.

Maria José Lagana, 86 anos: "Eu amei tudo, nunca imaginei"
Maria José Lagana, 86 anos: "Eu amei tudo, nunca imaginei" | Foto: Walkiria Vieira

Pela primeira vez na universidade, Maria José Lagana, 86 anos, conta que ficou é impressionada com o tamanho da UEL. "Na minha cabeça, a UEL era um lugar com salas de aula e hoje é ainda mais especial vendo todo esse trabalho de perto". Lagana compartilha do deslumbramento das crianças enquanto observa as borboletas, suas cores e sua capacidade de até mudar de cor para se proteger de predadores.

E nos outros dias da semana?

De segunda a sexta-feira, o Museu de Zoologia recebe agendamentos para visitas de escolas dos níveis fundamental e médio de Londrina e região. Nestas visitas, os alunos são guiados por estudantes do curso de ciências biológicas da UEL e recebem informações sobre as várias espécies que integram o acervo do museu.

Acervo do museu  também possui borboletas em sua coleção
Acervo do museu também possui borboletas em sua coleção | Foto: Walkiria Vieira

Recentemente, o Museu de Zoologia passou por uma série de reformas e obras de adaptação e reabriu em agosto deste ano. Criado em 1980, o espaço acompanha os estudantes de graduação e pós-graduação da UEL na disciplina de zoologia para vários cursos, como ciências biológicas, zootecnia e agronomia. O contato com esta “coleção didática” também é parte fundamental da formação dos estudantes que vêm com suas escolas.

Um dos coordenadores do museu, Fernando Camargo Jerep, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal (CCB), conta que no espaço há exemplares de animais característicos de vários biomas brasileiros, além de animais urbanos . “É um passeio familiar. Nossos estudantes e professores participam tirando dúvidas sobre a biodiversidade e falando curiosidades sobre os bichos”, ressalta.

Serviço:

GRUPOS ESCOLARES:

A exposição do MZUEL está aberta para visitas de grupos escolares das escolas de nível fundamental e médio de Londrina e região. As visitas são guiadas por alunos do curso de ciências biológicas da UEL e duram em média 30 minutos. Os horários para agendamento vão das 8:00 às 11:00 e das 14:00 às 17:00.

PÚBLICO EM GERAL:

O MZUEL abre suas portas ao público uma vez por mês durante o primeiro sábado de cada mês das 9hs às 12hs. Neste dia, as visitas não precisam ser previamente agendadas. O intuito é receber a comunidade de Londrina e região. Neste dia, não são aceitas visitas de escolas (que devem ser feitas durante a semana). As visitas são guiadas por estudantes do curso de ciências biológicas da UEL. As datas para a bertura aos sábados de 2023 4/11 e 2/12.

VALOR DA VISITAÇÃO

Uma taxa de R$ 5,00 por pessoa é cobrada para visitação. A cobrança da taxa é imprescindível à manutenção da exposição do MZUEL. Para visitas de grupos escolares, a cobrança é feita via boleto bancário, sendo o mesmo enviado para o e-mail informado no formulário de cadastro, ou PIX. Para visitas aos sábados, a taxa é cobrada exclusivamente via PIX. Crianças de até 5 anos são isentas da taxa.