James Alberti
De Curitiba
A advogada Maria Jaqueline Klingenfus e a secretária Rose Cardoso dos Santos, que trabalham num escritório na Avenida Marechal Deodoro, 2515, no bairro Alto da XV, em Curitiba, viveram duas horas de terror ontem durante um assalto. Três homens, armados e encapuzados, invadiram o escritório, por volta de 11 horas, e obrigaram a advogada a assinar dois cheques: um de R$ 3 mil e outro de R$ 5 mil. A carteira e o relógio da secretária e até os cigarros de Maria Jaqueline também foram roubados.
Segundo a advogada, um dos assaltantes afirmou que o dinheiro roubado seria usado para libertar um colega. Ela disse ter tentado descobrir se o ‘‘colega’’ estaria preso e se o dinheiro faria parte de um pagamento para policiais facilitarem a fuga. ‘‘Eles não falaram, mas acho que era para libertar um preso’’, supõe.
O dinheiro foi sacado pela própria Rose Cardoso, que foi sequestrada por cerca de duas horas. Enquanto ela descontava os cheques, a advogada ficou amordaçada e amarrada numa cadeira do escritório, sob a mira de um revólver. A secretária tinha sido avisada que se algo desse errado, a advogada pagaria o preço.
Além dos três assaltantes que invadiram o escritório, havia um quarto, que dirigia um táxi. ‘‘Era uma Parati ou Caravan velha’’, disse a secretária. O carro foi usado para levar Rose Cardoso até as agências do Banestado e Caixa Econômica Federal nas quais foram descontados os cheques. A secretária disse que não consegue reconhecer o taxista, que usava óculos escuros e boné. Após o assalto, Rose foi deixada numa rua próxima a rodoviária.
Ao contrário da secretária, que começou a chorar, Maria Jaqueline conseguiu manter-se calma durante o assalto e pediu para que os assaltantes não usassem de violência. ‘‘Foram momentos de pavor. Qualquer roubo com arma é violento porque a vida da gente fica em jogo’’, disse a advogada. ‘‘Mas procurei dialogar para que eles não usassem de violência.’’
Nervosa, a secretária chegou a levar alguns empurrões. ‘‘Minhas mãos tremiam, minhas pernas tremiam. Eu tremia toda’’, contou ela. Nestas condições, Rose Cardoso foi às duas agências bancárias e fez o desconto dos cheques, sem levantar suspeitas. No Banestado, o cheque de R$ 5 mil foi descontado apesar da conta não ter salto e da secretária não ter feito previsão de saque, como é de praxe para altos valores. Sob a mira do revólver, Maria Jaqueline ligou para o gerente da agência e pediu para que o cheque fosse pago.