Mulher acusa hospital de erro médico após o parto
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sexta-feira, 19 de maio de 2000
Chiara Papali De Londrina Especial para a Folha
A dona de casa Sandra Regina Rodrigues da Rocha, 19 anos, sofre há cinco meses com dores e sangramento para defecar. A família está revoltada com a situação e acusa a Maternidade Municipal de Londrina de erro médico. Sandra Regina da Rocha submeteu-se a um parto normal naquele hospital e durante a sutura do períneo, ela teria recebido dois pontos a mais, atingindo parte do ânus.
De acordo com o marido Antonio Marco Rocha, 24 anos, o casal procurou a Maternidade Municipal por duas vezes, depois do parto do primeiro filho, e a orientação foi que ambos procurassem o Hospital Universitário (HU) para consulta. No HU, a dona de casa não conseguiu se consultar com o gastroenteorologista indicado pela maternidade, já que ele só faz plantão às quartas-feiras e nas duas ocasiões em que esteve lá o médico estava ocupado com cirurgias.
Sandra Regina disse que recorreu mais seis vezes ao HU, mas reclamou do atendimento: Lá eu quase morria de dor para me examinarem e depois diziam que era só fissura e recomendavam dieta e pomada. A mãe da dona de casa, Adelina Moreira Rodrigues, 53 anos, disse que não aguenta mais ver o sofrimento da filha. Ela grita e chora quando vai ao banheiro e sai de lá tremendo, afirmou.
Sandra Regina conta com a ajuda da mãe e da cunhada, Edna Martins Mendes, além dos vizinhos, para cuidar do filho de cinco meses, Maycon Rocha, já que passe grande parte do dia com dores.
A suspeita de erro médico surgiu quando a família resolveu procurar um médico particular, que indicou inclusive uma cirurgia. Sandra Regina voltou ontem à Maternidade Municipal para tentar achar uma solução para seu problema, já que não tem dinheiro para fazer a operação. Já gastei mais de R$ 100 com remédios e consultas, disse.
Ontem de manhã ela foi internada na Maternidade e deve retornar ao HU para fazer exames de endoscopia e colonloscopia. Segundo o obstetra Sinésio Moreira Júnior, diretor da Maternidade Municipal, um gastroenterologista foi chamado para atender a dona de casa. Nós temos todo o interesse em elucidar o caso, garantiu.
O médico acredita ser pouco possível que a sutura tenha atingido parte do ânus da paciente. São feitos, em média, cinco a seis pontos no plano externo e, independente do corte, a distância média é de cinco centímetros do períneo para o ânus, disse. O diretor da Maternidade informou ainda que os exames devem dar um diagnóstico preciso do caso, no máximo até segunda-feira, e que se for necessário cirurgia a paciente será atendida.