MP questiona Sanepar sobre qualidade da água em Londrina
Moradores de vários bairros têm reclamado de gosto e cheiro ruim na água distribuída pela companhia; Sanepar descarta riscos à saúde
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 24 de outubro de 2024
Moradores de vários bairros têm reclamado de gosto e cheiro ruim na água distribuída pela companhia; Sanepar descarta riscos à saúde
Pedro Marconi
O MP-PR (Ministério Público do Paraná) instaurou um procedimento e pediu informações à Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) sobre as reclamações de moradores de várias regiões de Londrina sobre a qualidade da água, que estaria com gosto e cheiro. "Foi também requisitada a coleta de amostra e análise da qualidade da água", frisou a instituição, por meio de nota.
A apuração será conduzida pela 7ª Promotoria de Justiça de Londrina, que tem atribuição na área da defesa do consumidor. A companhia garantiu que vai responder o Ministério Público dentro do prazo estabelecido, que é de 15 dias. O mesmo período vale para o município e a Agepar (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná) informarem quais medidas vêm sendo tomadas em relação à fiscalização sobre a prestação do serviço na cidade.
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Presidente da Associação de Moradores do conjunto Ruy Virmond Carnascialli, na zona norte, Alexandre Fogaça comentou que o problema teria começado há cerca de dois meses, parou e há duas semanas retornou. "A qualidade da água está ruim demais, com gosto barrento. Muitos estão comprando água, quem não tem está fervendo para consumir. Na hora do banho a água também sai com mau cheiro de barro", narrou.
Relatos de pessoas que supostamente estariam passando mal têm chegado ao representante do bairro. "Moradores estão reclamando de diarreia", alertou. "Os moradores querem saber o que está acontecendo com a água que estão consumindo", destacou.
Os comentários se repetem em outras localidades, como Cafezal, Vila Romana, Santiago, Franciscato. Moradora do Lagoa Dourada, na zona sul, Angela Maria da Silva disse que passou a perceber um sabor desagradável na água distribuída pela Sanepar na semana passada. "Temos tomado (a água) porque contamos com o filtro em casa, mas mesmo assim sentimos gosto ruim de água de rio", definiu.
O receio é de que seguir consumindo esta água leve a alguma complicação de saúde. "Tenho medo de passar mal por não saber a real causa desse gosto ruim. Não fomos informados pela empresa (sobre o que está levando a este problema)", lamentou.
JUSTIFICATIVAS
Segundo Antonio Gil Gameiro, gerente geral da Sanepar na Região Nordeste, a companhia identificou a mudança na qualidade da água no fim de semana, na estação Tibagi. "(É uma alteração) no Rio Tibagi, onde está tendo uma proliferação de algas por conta do período de estiagem que estávamos passando. É uma matéria orgânica que acontece na natureza e que pode desencadear gosto e cheiro", justificou. O sistema Tibagi abastece 65% de Londrina e 90% de Cambé.
Gameiro ainda frisou que a condição da água tem sido tratada e rechaçou qualquer possibilidade de risco à saúde. "Intensificamos o trabalho que já vínhamos fazendo desde janeiro, com dióxido de carvão para eliminar o impacto na água, que é o gosto e o cheiro. Isso é muito sensorial, algumas pessoas sentem, outras não. Entretanto, não existe risco à população. A água está dentro do padrão de qualidade. É apenas a questão do gosto, mas esperamos que isso seja minimizado de forma breve", salientou.
REINCIDÊNCIA
Não é a primeira vez que as características da água que sai da torneira são questionadas pelos londrinenses. No final do ano passado houve polêmica após parte da população se queixar de gosto e cheiro. Na época, foi justificado pela Sanepar a presença de matéria orgânica em razão das chuvas ao longo da bacia do Rio Tibagi, entretanto, a situação não oferecia perigo às pessoas.