MP diz que ricos
também estão
sendo denunciados
Os abusos policiais na investigação de casos de crime organizado e a dificuldade de estrutura podem ser os grandes responsáveis pelo número pequeno de presos condenados no sistema penitenciário que tenham curso superior e sejam de classe social alta. ‘‘O Ministério Público tem muitas dificuldades de produzir denúncias contra os que estão na camada superior da sociedade. Mas já estamos conseguindo vencer barreiras’’, afirma Gilberto Giacóia, procurador geral da Justiça.
De acordo com ele, os promotores buscam a investigação e o combate ao crime organizado. ‘‘Estamos priorizando a macrocriminalidade, a do colarinho branco’’, diz. Entre as principais frentes de atuação estão a sonegação fiscal, o narcotráfico e a improbidade administrativa. ‘‘O Ministério Público não pode trabalhar com provas somente da polícia. É importante que se coibam os abusos da polícia até o encaminhamento da denúncia formal à Justiça’’, declara.
Giacóia aponta também a dificuldade de infra-estrutura em delegacias do interior do Estado para a descoberta de organizações criminosas. ‘‘A organização criminosa atua em rede, tem um poder muito maior do que podemos imaginar. Precisamos ter respostas imediatas, profissionais. Mas para isto é necessário que se tenha estrutura’’, argumenta ele.
Outro ponto destacado por ele, para o grande número de presos com pouca escolaridade e de baixo poder aquisitivo é a própria desigualdade social. ‘‘A violência, o furto e roubo, acontecem mais entre este meio. A lei é patrimonial e estas pessoas sempre são condenadas e vão presas’’, alega. (L.P.)