Vinte e dois dias depois que a prefeitura de Londrina liberou o alvará para demolição, o prédio do Motel Tijolinho veio totalmente abaixo nesta quinta-feira (30). Localizado na avenida Leste-Oeste esquina com rua Ouro Preto, o prédio histórico estava abandonado e se tornou um dos principais mocós da área central, reunindo muitos moradores em situação de rua e usuários de drogas.

A demolição, demanda antiga da população local, começou por volta das 5h, horário escolhido para minimizar os impactos no trânsito local. Mesmo assim, equipes da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) e da Guarda Municipal de Londrina ficaram responsáveis por coordenar o bloqueio parcial da Avenida Leste-Oeste, liberando o fluxo em parte da pista após a maior parte da estrutura ser derrubada.

A autorização para a demolição do motel foi concedida pela prefeitura depois de um longo processo burocrático. O proprietário do imóvel, que prefere não se identificar, afirma que a demora para obter o alvará foi um obstáculo, apesar de seu interesse na demolição. “Os entraves burocráticos estavam impedindo que eu tivesse a propriedade plena do imóvel, adquirido há cerca de dois anos”, explica.

Durante a gestão anterior, a liberação do alvará esteve atrelada à regularização de pendências financeiras do imóvel, o que gerou impasses. No entanto, o proprietário contesta essa exigência. “Quando se adquire um imóvel através de arrematação judicial, trata-se de aquisição originária, onde o valor pago em leilão é destinado aos credores. A exigência da prefeitura era equivocada”, critica.

O proprietário também ressalta que a atual administração foi mais ágil na liberação. “O atual prefeito foi muito sensível com a situação, que era ruim para mim e para a cidade, um problema social e criminal na região”, pontua.

Valorização do centro

Com a demolição concluída, o próximo passo será a retirada dos entulhos e a avaliação de novos projetos para o terreno. “O que será construído no local ainda depende de uma análise de viabilidade”, afirma.

Para o proprietário, a remoção do prédio representa um avanço para a segurança e valorização do centro de Londrina.

“A demolição vai dar melhores condições para que os responsáveis pela segurança pública e pela política social possam agir com maior efetividade, tratando dessas pessoas em vulnerabilidade e garantindo mais segurança para os londrinenses e comerciantes que investem na região.”

"A gente se sentia vulnerável"

A demolição do Tijolinho trouxe um sentimento de alívio para comerciantes e trabalhadores da região central de Londrina. Para Esther de Oliveira, que é atendente em uma loja de roupas nas proximidades, a mudança representa uma esperança de ter mais segurança no dia a dia.

“Era sempre um medo passar por aqui, principalmente no começo da manhã e à noite, quando a movimentação é menor. A gente se sentia vulnerável, porque o prédio abandonado passava essa sensação de que alguma coisa perigosa podia acontecer, principalmente com as mulheres”, conta.

A atendente destaca que a presença constante de usuários de drogas no local gerava desconforto para quem transitava pela área. “Muitas vezes, eu descia do ônibus e já ficava apreensiva, olhando para os lados. Na hora de ir embora, a sensação era a mesma."

Com a remoção do edifício, Oliveira espera que o entorno se torne mais seguro e agradável. “Espero que, agora, a gente se sinta mais seguro para trabalhar e circular por aqui. Tomara que esse espaço seja aproveitado para algo bom”, diz.