Morte de telefonista na Igreja Universal continua misteriosa
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terça-feira, 01 de fevereiro de 2000
Maigue Gueths
De Curitiba
Desde 22 de setembro do ano passado, a Delegacia de Homicídios vem investigando as causas da morte de Luciane Belich. O pai, o restaurador Rubens Belich, de 56 anos, apresentou queixa na delegacia responsabilizando a Igreja Universal por negligência e omissão se socorro. Luciane sofreu convulsões durante o culto da noite de 20 de setembro. Ao invés de ser levada imediatamente a um pronto-socorro, ela ficou inconsciente por mais de uma hora no banheiro da igreja, chamada de Catedral da Sé, na Avenida Sete de Setembro, em Curitiba.
As poucas informações conseguidas pelo pai dizem que Luciane passou mal, vomitou muito e perdeu os sentidos. Só depois de uma hora ela foi levada para o Centro de Triagem Psiquiátrico, no bairro Alto da XV. Luciane teria sido transportada ao hospital no porta-malas de um carro cedido por uma frequentadora da igreja, enrolada em sacos plásticos para que o vômito não sujasse o veículo. De lá, ela só foi transferida para o Hospital Cajuru depois da chegada de sua pai no local. Luciane morreu dois dias depois por broncopneumonia confluente com bronco aspiração, conforme laudo do Instituto Médico Legal (IML). Ou seja, ela foi asfixiada pelo próprio vômito. Teve parada respiratória e lesões graves no cérebro.
Representantes da igreja chegaram a dar duas versões para o caso. Em telefonema para a família, já no dia 20, a enfermeira Aparecida Bueno afirmou que a telefonista teve um ataque epilético. Oa pais estranharam, já que ela nunca havia tido crises de epilepsia. Em novembro, o pastor Edson Praczyk (PL) afirmou que Luciane teria cometido suicídio tomando substâncias venenosas. Exame toxicológico feito pelo IML, divulgado dia 12 de novembro, entretanto, verificou que Luciane não ingeriu qualquer tipo de componente químico ou vevenoso.
Luciane frequentava a igreja desde setembro de 1998, na busca de ajuda espiritual para reatar um caso amoroso. Internada em clínicas psiquiatrícas, ela não conseguia curar-se da obsessão que criou por um antigo companheiro de trabalho, que a evitava. Segundo o pai, durante os cultos, a filha era sempre requisitada em sessões de exorcismo. (M.G.)

