Bartz inovou ao propor o plantio direto, que é usado na América Latina
Bartz inovou ao propor o plantio direto, que é usado na América Latina | Foto: Cesar Augusto/13-11-2012

Homem de coragem, inovador e referência para a agricultura brasileira, Herbert Bartz morreu na madrugada desta sexta-feira (29), aos 83 anos. Ele completaria mais um ano de vida no próximo dia 14 de fevereiro. Morador de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina), Bartz estava internado na Santa Casa de Arapongas e faleceu em decorrência de uma pneumonia e falência múltipla de órgãos.

Herbert Bartz foi o pioneiro do Sistema de Plantio Direto no Brasil e demais países da América Latina. A implementação do método começou na década de 1970, na região de Londrina. Até então, o solo era arado, gradeado e só depois recebia a semente. A técnica provocava a erosão da terra e gerava muitos gastos nos processos, que também não eram ambientalmente sustáveis.

Com o plantio direto tudo isso mudou. Por meio de palhas em cima da terra se passou a fazer o plantio, deixando o solo protegido, sempre úmido e as gramíneas funcionando como material orgânico. Sistema mais econômico e ecológico. Autor do livro “O Brasil Possível: a biografia de Herbert Bartz”, publicado em 2018, o jornalista Wilhan Santin definiu Bartz como um dos maiores brasileiros do século 20.

“O plantio direto mudou a agricultura brasileira. Se não fosse o plantio, certamente não teríamos safras recordes e toda a produtividade que temos, o que está segurando o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil e não é de hoje. Se nossa agricultura é pujante, tudo isso aconteceu graças ao plantio direto e não teríamos conseguido produção de grãos no cerrado, como Tocantins e Mato Grosso do Sul”, elencou. Bartz foi personagem de diversas matérias da FOLHA ao longo das últimas décadas.

O produtor rural nasceu em Santa Catarina, mas mudou-se ainda pequeno para Alemanha, onde viveu a infância e adolescência, inclusive, enfrentando a crise e o terror provocadas pela Segunda Guerra Mundial. Retornou ao Brasil aos 23 anos, escolhendo Rolândia para estabelecer a vida e construir família. “Era uma pessoa de muito bom humor, alto astral, com sotaque alemão forte e extremamente inteligente”, destacou Santin. Ele deixa esposa, dois filhos e netos.

PESAR

Entidades de classe ligadas ao agronegócio manifestaram pesar pela morte de Herbert Bartz. A SRP (Sociedade Rural do Paraná) ressaltou que o agricultor não poupou esforços para buscar solução para o problema que ameaçava levar o solo rio abaixo. “A história de Bartz deve ser reverenciada pelo legado que deixou. Foi um visionário e é uma grande referência no plantio direto", comentou o presidente da SRP, Antonio Sampaio. “Bartz tinha um grande conhecimento e sempre compartilhou suas experiências, numa grande demonstração de generosidade”, enalteceu João Colofatti, fundador da Belagrícola.

O governador Carlos Massa Ratinho Junior também lamentou a morte do produtor rural. "Perdemos uma das referências nacionais em agricultura, alguém que dedicou a sua vida a melhorar as técnicas para que os alimentos do campo chegassem na mesa com qualidade e rapidez."

Atualizada às 12h49