FALTA DE VAGAS Moradores têm projeto para creches Alternativa será implantada experimentalmente no mês que vem em bairro da zona sul de Londrina Mário CesarA presidente da Associação de Mulheres, Erineusa Tenório, afirma que por falta de creches crianças de até dois anos ficam sozinhas em casa Érika Pelegrino de Londrina Mãe Crecheira. É esta a alternativa que os moradores do Jardim União da Vitória, na zona sul de Londrina, estão propondo para resolver o problema da falta de creches. Eles têm o apoio da Associação de Mulheres do bairro e do diretor do Centro de Atendimento Integrado à Criança (Caic) da zona sul, Amauri Pereira Cardoso. O projeto Mãe Crecheira prevê a formação de casas-creche em que cada moradora cuida de, no máximo, 10 crianças. Reportagem publicada pela Folha na edição da última quinta-feira (Folha Cidades, página 6), apontou um déficit de 12 mil vagas em creches de Londrina, conforme pesquisa feita pelo Conselho Tutelar. Nos Jardins União da Vitória 1, 2, 3, 4, 5 e 6 existem de 500 a 600 crianças de 0 a 6 anos sem creche. A idéia dos moradores e das entidades é de ter uma casa-creche em cada um dos jardins União da Vitória. ‘‘Posteriormente queremos levar o projeto para todos os bairros da região Sul’’, informou Amauri Cardoso. A proposta foi apresentada ao Conselho Tutelar em reunião na quarta-feira à noite, que se comprometeu a auxiliar os moradores, levantando dados de experiências parecidas em outras localidades do Estado e do País. O projeto deverá ser implantado em caráter experimental a partir de abril nos jardins União da Vitória 3 e 4. Amauri Cardoso e Erineusa Alves Tenório, presidente da Associação de Mulheres, explicam que o projeto ainda está em fase de estudos. Mesmo assim já conseguiram parceiros na iniciativa privada, além de universidades, Ceasa (Central de Abastecimento), Pastoral da Criança e Prefeitura de Londrina, que, através do setor responsável por merendas, deverá fornecer a alimentação. As crianças atendidas pelo projeto ficarão das 7 horas às 19 horas nas casas-creche. Cada mãe crecheira cuidará das crianças em sua própria casa. Para atender às exigências da Vigilância Sanitária, as casas passarão por adaptações. Para as reformas, segundo Amauri Cardoso, o grupo já conseguiu R$ 400,00 com a iniciativa privada. ‘‘Este valor também será repassado mensalmente para a manutenção das duas casas-creche’’, esclareceu o diretor do Caic. A escolha das mulheres que integrarão o projeto está sendo feita com base em alguns critérios: disponibilidade de tempo, habilidade no trato com as crianças, ter casa própria com espaço para 10 crianças, não ter dependentes químicos e de drogas em casa e ter boa saúde. Por enquanto foi escolhida apenas a mãe crecheira do União da Vitória 4. Elas passarão por treinamento durante 15 dias, promovidos pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Pastoral da Criança. Conforme Erineusa Tenório, crianças de até dois anos chegam a ficar sozinhas em casa. ‘‘Ou as mães deixam o filho morrer de fome ou vão trabalhar e deixam a criança sozinha’’, disse. ‘‘Sempre tem uma vizinha que dá uma olhada, mas não é o suficiente’’, acrescentou. Sem creches, as mães do União da Vitória contam com a solidariedade de outras mães da comunidade. ‘‘Muitas vezes acordei de manhã e tinha uma criança no meu quintal. A mãe tem que sair numa emergência e deixa o filho no quintal da gente porque sabe que será cuidado’’, disse Erineusa Tenório. A presidente da Associação de Mulheres também disse que além da medida emergencial a comunidade continuará exigindo mais creches. ‘‘Se a gente não gritar ninguém olha para a gente.’’ Há 10 anos, a comunidade se mobilizou e conseguiu a creche do União da Vitória 1. ‘‘Não tínhamos onde deixar as crianças para as mulheres trabalharem. Então colocamos lonas na rua e criamos um espaço para cuidar delas. Foi assim que acabamos conseguindo a Creche Metodista’’, lembra Erineusa Tenório.