O mato encobre os prazos da placa que indica a pavimentação poliédrica da estrada do distrito de Guairacá, na região sul de Londrina, no entanto, as datas são bem conhecidas e lembradas pelos moradores da localidade rural. A obra teve início em novembro de 2018 e a previsão inicial de término era setembro de 2019. Entretanto, foi concedido um aditivo de 200 dias - que encerra em 4 de abril - após contratempos.

Imagem ilustrativa da imagem Moradores reclamam de ritmo de pavimentação em Guairacá
| Foto: Roberto Custódio

A empresa responsável alegou, entre outros pontos, que o projeto apresentado não era condizente com a realidade encontrada, o excesso de chuva e a dificuldade de encontrar matéria-prima próxima, num raio de sete quilômetros de distância. A argumentação foi aceita pelo poder público. Faltando um mês para o fim do período avalizado, a execução está em pouco mais de 48%, em vistoria realizada em janeiro.

De acordo com os moradores, o ritmo dos trabalhos diminuiu nas últimas semanas, com a colocação das pedras irregulares praticamente sem avanço. “A impressão que dá é que deixaram pela metade. Estamos na época de escoamento da lavoura e prejudica”, apontou o motorista de trator Euclides Mendes. A pavimentação é de um trecho de 6,88 quilômetros, totalizando investimento de R$ 2,6 milhões. A via tem extensão de 16 quilômetros.

A reportagem percorreu a estrada na última semana e constatou que foram pavimentados aproximadamente três quilômetros, em trechos após a ponte sobre o rio Taquara e na entrada do distrito. Em um dos pontos, pedras estão às margens em alguns montes. Trabalhadores foram vistos fazendo a terraplanagem de um terreno com duas máquinas.

Outra reclamação dos populares é que em alguns trechos a terra está remexida e há desníveis consideráveis entre um lado e outro da passagem de veículos. “Ao invés de melhorar ficou pior. Têm buracos que não existiam antes e quando chove dá medo do ônibus tombar ou ficar encalhado. Já precisei descer e vir para casa a pé”, relatou a serviços gerais Andreia Araújo Ribeiro, que trabalha numa mercearia na localidade. “Tem vez de tentarem fazer entrega aqui e não conseguirem. Deixam em Paiquerê ou voltam.”

DESCONFIANÇA

“Do jeito que está é péssimo, destrói o carro e dá receio de ficar pela estrada. Poderiam terminar logo. Vieram aqui, fizeram reunião, disseram que dessa vez ia, mas não foi por completo”, afirmou Mariangela Aparecida Barcaroli, nascida e criada em Guairacá e que tem emprego fixo na cidade, indo dias alternados. “Aqui sempre a estrada foi ruim”, sentenciou.

ALUNOS

Motorista de kombi de transporte escolar, Constantino Gordiano Rodrigues destacou que a obra é importante, porque muitas vezes o ônibus que leva as crianças do distrito para Paiquerê fica atolado quando chove forte. “Quando isso acontece são os próprios moradores que desatolamo com trator. Era para estar tudo pronto”, lamentou. “Essa estrada deveriam asfaltar. As estradas rurais do interior de Guairacá também estão insatisfatórias”, opinou o agricultor Marinho Antonio de Lima.

A via tem extensão de 16 quilômetros; pavimentação é de um trecho de 6,88 quilômetros
A via tem extensão de 16 quilômetros; pavimentação é de um trecho de 6,88 quilômetros | Foto: Roberto Custódio

processo administrativo

Um processo administrativo foi aberto pela secretaria municipal de Gestão Pública contra a empresa responsável pela obra, que está desde o ano passado sem certidão negativa junto ao governo federal. De acordo com a pasta, foram concedidos três prazos para regularizar a situação.

Enquanto o processo tramita a empresa precisa dar continuidade aos serviços. “Terá direito à ampla defesa e a decisão por romper ou não o contrato só vem depois disso”, explicou Fábio Cavazotti, secretário de Gestão Pública. Ele ponderou que a descontinuidade do vínculo seria prejudicial em razão da licitação ter apresentado outros problemas desde que o convênio com o Governo do Estado para liberação de verba foi firmado.

O secretário indicou que, durante uma reunião, representantes da empresa garantiram ter interesse em finalizar a obra. “Há 15 dias recebemos a informação de que a obra estava parada e instauramos o processo, mas a empresa alegou que teve problemas com o fornecedor e que os serviços foram retomados.”

A segunda colocada na licitação já foi indagada se teria interesse em assumir a pavimentação, caso o contrato seja rompido, porém, demostrou que não quer. “O engenheiro que acompanha disse que a parte mais demorada já foi feita. O prazo máximo para regularizar a certidão negativa é o final deste mês”, avisou.

PRIORIDADE

Responsável técnico pela Gabriel e Filhos, que é de Londrina, Tiago Iasbeck garantiu que a obra está em andamento, sendo priorizada a terraplanagem. Ele frisou que é interesse da empresa finalizar as intervenções e que a certidão federal está sendo providenciada. “Está em trâmite e acreditamos que saia em cerca de dez dias”, projetou.

A empresa deverá pedir prorrogação do contrato ao município. “O período está sendo calculado com base em levantamento de dias chuvosos e férias coletivas”, explicou o engenheiro civil.