A cidade que já foi conhecida como a Capital no Café não tem visto o cuidado de um dos símbolos desta “era de ouro”. Dos quatro barracões do antigo IBC (Instituto Brasileiro do Café) que existem em Londrina, parte da estrutura que fica na zona leste está abandonada. Segundo os moradores do entorno, a situação piorou desde que o Ministério Público do Trabalho deixou o local para uma sede nova, na região sul, em 2019.

Segundo a população, situação piorou desde que o MPT deixou o local, em 2019
Segundo a população, situação piorou desde que o MPT deixou o local, em 2019 | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

O MPT ocupava os espaços que no passado eram utilizados por funcionários do instituto, criado na década de 1950 para definir toda a política econômica do café no País. Agora, o que se vê nestas edificações são marcas de depredação e furtos. Diversas fiações foram levadas ao longo dos últimos meses. Além disso, janelas estão quebradas e portas apresentam marcas de arrombamento. Adversidades que têm preocupado quem vive na localidade.

“Esta parte do antigo IBC tem sido uma luta constante nossa. O Ministério Público do Trabalho reformou, mas depois saiu. Antes até tinha vigilante, mas agora nem isso. Está muito difícil, usuários de drogas têm aproveitado que está desse jeito e invadido”, elencou o coordenador de esportes Luiz Carlos de Assis, mais conhecido como “Dirim”. “Poderiam utilizar para algo público em prol do bairro, das pessoas da terceira idade, um posto avançado de saúde”, sugeriu.

Outro problema é o lixo. Folhas de árvores pelo lado da rua Dom João XI, entre o conjunto do Café e o Vitória Régia, vêm se acumulando dentro e fora das edificações, atrapalhando até a circulação na calçada e obstruindo pisos táteis. “Está uma nojeira. Na semana passada minha inquilina resolveu varrer e foram 22 sacos de lixo cheios recolhidos. Isso só do que estava na calçada de fora. No interior são ‘montanhas’ de folhas”, constatou a costureira aposentada Maria Queiroz.

Imagem ilustrativa da imagem Moradores reclamam de abandono do antigo IBC em Londrina
| Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

HISTÓRIA

Recentemente, um cano de esgoto estourou na região, levando muita água com sujeira e fedentina para a rua. Nesta semana ainda é possível sentir o mau cheiro. “O perigo é a dengue. A água minava lá de dentro e fez grandes poças na rua, perto das casas. Os vândalos ainda entraram e furtaram ferramentas”, relatou Célia Pereira da Silva. O encanamento foi consertado posteriormente.

Morando no conjunto do Café há 50 anos, a operadora de caixa lamenta o atual estado de desleixo da infraestrutura, que já foi muito movimentada e de maneira positiva. “Quando era o IBC todos os dias tinha gente. Nos armazéns eram estocadas sacas de café. Era algo bem utilizado, grande e agora está uma judiação. Deveriam dar uma finalidade para não se acabar”, pontuou.

Os barracões e demais ambientes que serviam ao Instituto Brasileiro do Café ocupam um extenso quarteirão na zona leste do município e alguns deles têm utilidade. Estão instalados no lugar a unidade regional de Sanidade Agropecuária, da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), e o Fórum Trabalhista de Londrina. Dos armazéns situados na rua Vasco da Gama, um deles serve como depósito de materiais do HU (Hospital Universitário).

Barracões ficam em um extenso quarteirão; alguns ainda estão ocupados por órgãos públicos ou servem de depósito
Barracões ficam em um extenso quarteirão; alguns ainda estão ocupados por órgãos públicos ou servem de depósito | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

UNIÃO

As estruturas são de responsabilidade do governo federal. A reportagem entrou em contato com a Superintendência do Patrimônio da União no Paraná, entretanto, não obteve um posicionamento até o fechamento desta matéria.